Síndrome da notícia ruim
Violência, mortes, corrupção e catástrofes, qual o impacto dessas notícias na nossa vida? Um estudo da Universidade da Califórnia, em Irvine (UCI), afirma que quanto mais notícias ruins uma pessoa consome, maior a probabilidade de ela ficar triste, se preocupar, e continuar lendo/assistindo notícias negativas.
A equipe explica que acompanhar quase “obsessivamente” os desdobramento de tragédias é comum, tanto porque é fruto da curiosidade humana, quanto porque é uma forma “instintiva” de saber o que fazer para ficar seguro.
Porém o equilíbrio é essencial, principalmente por parte dos veículos de imprensa: “Para os meios de comunicação, recomendamos moderar os aspectos sensacionalistas da cobertura noticiosa desses eventos, de modo a não provocar preocupação e angústia excessiva entre os espectadores”, recomenda a psicóloga Rebecca Thompson.
“A cobertura midiática desses eventos, alimentada pelo ciclo de notícias de 24 horas e pela proliferação de tecnologias móveis, é muitas vezes repetitiva e pode conter imagens gráficas, vídeos e histórias sensacionalistas, estendendo o impacto a populações além das pessoas diretamente envolvidas”, afirmou uma das pesquisadoras, a psicóloga Roxane Cohen Silver.
Se você chegou até aqui, vou lhe explicar o porque estou escrevendo sobre esse estudo – minha editoria sempre foi o entretenimento, o “notícias boas” do jornalismo. Claro que sei a importância das “notícias ruins”, afinal de contas, não vivemos no mundo das fadas, o problema é quando se cria obsessão por tragédias.
Essa obsessão, fortalece uma população punitivista – quando pensamos ou apoiamos discursos de que pessoas que infringiram leis deveriam ter penas mais duras e rigorosas, muitas vezes querendo até a morte da pessoa.
Vale lembrar aqui, que a mídia – por rádio, TV, impressa e internet, tem um papel importante no campo político, social e econômico de toda a sociedade.
O instituto contribui diretamente para a formação da consciência, da cultura, da forma de agir e de pensar da coletividade. É quase sempre através dessas ferramentas que nos atualizamos sobre economia, política, saúde, segurança pública, governos nacional e internacional, estilo de vida, moda, padrões, etc.
Com a globalização, passamos a viver uma sensação ainda maior de insegurança, pois temos acesso as mais diversas informações sobre guerras, guerrilhas, confrontos, homicídios, sequestros, assaltos, tráfico de drogas, acidentes de trânsito que acontecem em todos os lugares do mundo e, também perto de nós.
Assim, naturalmente os temas segurança pública, criminalidade e violência ganharam cada vez mais notoriedade nos programas jornalísticos da televisão brasileira e no mundo. Devido a esse fluxo intenso de informações, os sentimentos de medo, impunidade e vontade de revanche, podem ganhar força.
Precisamos nos conscientizar de que existem leis, sendo assim, não nos cabe ser o acusador, julgador e executor. Se colocar nesse papel, nos leva a viver na época da idade Média.
Para diminuir as “notícias ruins” na imprensa, instituições públicas, principalmente, seriam mais eficientes se aplicassem empenho em suas ações sociais, com ações práticas e responsáveis.