Review: The Old Guard

por TOMMO
Publicado em 12 jul 2020, às 14h13. Atualizado às 14h15.

Os entusiastas de filmes de ação tiveram uma grata surpresa no final de abril na Netflix: a adição de Resgate, estrelado por Chris Hemsworth e roteirizado pelos irmãos Russo. Não por menos, o longa é um primor em coreografia, técnica e efeitos práticos. Felizmente, ficou uma deixa para um próximo. Mas para não amargar o hiato entre os lançamentos, The Old Guard — novo original baseado na HQ homônima escrita por Greg Rucka e ilustrada por Leandro Fernandéz — entra no rol dos pontapés para grandes franquias e reforça o time de blockbusters da empresa de streaming.

A produção introduz Andy (ou Andrômaca), Nile, Booker, Nicky e Joe. Eles formam um grupo paramilitar que têm um dom em comum: a imortalidade. Com exceção de uma novata, os demais membros carregam séculos de vida e buscam proteger a humanidade em crises humanitárias. A vida eterna, no entanto, é cobiçada por grandes corporações que desejam lucrar com a descoberta e tirar vantagens a partir de métodos científicos nada éticos.

Quem dá vida à adaptação é Gina Prince-Bythewood, mesma autora do primeiro episódio da série Manto e Adaga, da Marvel, e igualmente responsável pelos longas Nos Bastidores da Fama e A Vida Secreta das Abelhas. Agora, com The Old Guard, seu nome entra em voga em Hollywood.

Vale advertir que o texto não se baseia em comparações com os quadrinhos, mas talvez o maior pecado do longa é cair na mesma ânsia de produções que buscaram comprimir grandes histórias em pouco mais de duas horas. Quer dizer, você é apresentado a personagens seculares de modo completamente superficial, sendo que o fator “imortalidade” demanda uma apreciação histórica mais aprofundada para se ter o peso do tempo, além de uma discussão mais complexa sobre questões morais que envolvem a condição.

Os flashbacks vislumbram recortes insuficientes e geram um primeiro ato aguado e que oferece apenas o básico do básico ao espectador. O percurso tortuoso só é interrompido graças à cereja desse bolo, que é o quesito ação. As cenas são exemplarmente bem dirigidas e empolgam de modo geral, mesmo na simplicidade. A boa direção de fotografia de Barry Ackroyd também é um recurso que realça toda a estética, com locações desérticas e europeias. Não é de se surpreender: o trabalho contém o selo de qualidade da Skydance Productions, mesma empresa envolvida em Missão Impossível e O Exterminador do Futuro.

Charlize Theron, de praxe, entrega cenas de ação empolgantes e bem coreografadas (Reprodução/Netflix)

Além da estética, Gina Prince-Bythewood acerta no elenco, ao menos no time dos mocinhos e mocinhas. Charlize Theron dispensa apresentações e só acentua sua versatilidade para interpretar qualquer papel que cair sobre sua mesa. A atriz novamente faz pouco uso de dublês e entrega cenas de ação inventivas e empolgantes. Boa parte do filme orbita sobre sua presença. Já Kiki Layne (Se a Rua Beale Falasse) consegue ser carismática como novata da equipe e oferece potencial evolutivo, apesar das péssimas resoluções para os seus dilemas morais. Esse mesma impressão se estende a Matthias Schoenaerts (Operação Red Sparrow), que traz um personagem interessante, mas subaproveitado por conta de rumos narrativos inconsistentes e até mesmo questionáveis. Já Marwan Kenzari (Aladdin) e Luca Marinelli (Uma Questão de Tempo) são o casal do time e têm química imediata para encantar os fãs. Uma pena que igualmente mal explorados.

Por fim, o lado antagônico é somente um amontoado de clichês, abreviando-se a Chiwetel Ejiofor (O Rei Leão), o pesquisador que não é necessariamente um vilão, mas acaba desvirtuado por falsas promessas e ambições precipitadas. Estas feitas por Harry Malling (saga Harry Potter), o esteriótipo carimbado de qualquer antagonista vilanesco da maioria dos filmes de ação.

Em um período pandêmico marcado por suspensão de salas de cinema, The Old Guard é uma excelente opção para quem sente falta de assistir grandes produções nas telonas. A narrativa é genérica e pincelada, mas apresenta potencial para evoluir em uma continuação e diverte com cenas de ação bem executadas, sobretudo por contar com a sempre marcante contribuição de Charlize Theron. Espera-se reparos, mas, para todos os efeitos, uma continuação é muito bem-vinda.

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