A Escolinha do Professor Raimundo, de Chico Anysio, é um dos clássicos do humor brasileiro. Surgida em 1952, na rádio Mayrinck Veiga, apareceu pela primeira vez na TV como um quadro do programa Noites Cariocas, da TV Rio, em 1957.
Em 4 de agosto de 1990, há 30 anos, a atração virou um programa solo na Globo, onde já tinha aparecido também como quadro no Chico City, com a presença de apenas três alunos por vez, e no Chico Anysio Show, já com mais atores.
A Escolinha começou como um programa semanal, aos sábados, e depois tornou-se uma atração diária. Durou cerca de cinco anos e, posteriormente, foi ‘revivida’ como quadro no Zorra Total em 3 de junho de 1999, durando até 2000, e como uma nova versão, que durou apenas alguns meses, em 2001.
Em entrevista à Pró-TV em 2000, Chico Anysio ressaltou a importância do personagem: “Eu tenho mais agradecimento ao professor Raimundo porque ele me abriu duas portas, foi o primeiro que eu fiz no rádio e o primeiro que eu fiz na televisão. Sou grato a ele por isso.”
“O Professor Raimundo é um veículo através do qual eu trouxe muita gente para a televisão”, orgulhava-se o humorista, que costumava dizer “E o salário, ó…” e, na ida aos comerciais, “É vapt vupt!”.
Outros nomes conhecidos ficaram marcados pelos bordões de seus personagens, como Rolando Lero, de Rogério Cardoso (“Captei vossa mensagem, amado mestre!”), Aldemar Vigário, de Lúcio Mauro (“Quem? Quem? Raimundo Nonato!”) e Seu Eustáquio, de Grande Otelo (“Aqui! Que queres?”).
Zé Bonitinho (Jorge Lorêdo), Bertoldo Brecha (Mario Tupinambá), Dona Bela (Zezé Macedo), Mazarito (Costinha), Galeão Cumbica (Rony Cócegas), Dona Cacilda (Claudia Jimenez), Seu Boneco (Lug de Paula), Seu Peru (Orlando Drummond), Joselino Barbacena (Antônio Carlos), Nerso da Capitinga (Pedro Bismark) e Tati (Heloísa Perissé), também ficaram marcados, entre tantos outros.
“Faço com que os atores trabalhem quase no improviso. Só eu sei o texto de todos, é por isso que eles riem uns dos outros quando fazem piadas”, explicava Chico Anysio sobre a espontaneidade do programa.
O humorista morreu em 23 de março de 2012. Entre as homenagens após sua morte, a Globo exibiu um episódio da Escolinha do Professor Raimundo no horário da TV Globinho na segunda-feira, seguinte, 26.
Grupo Escolacho
A Escolinha do Professor Raimundo já tinha sido a inspiração do especial de fim de ano Grupo Escolacho, que foi ao ar em 22 de dezembro de 1988, escrito por Miguel Falabella, Luiz Carlos Góes e Leo Jaime, com texto final de Chico Anysio.
A história girava em torno de um personagem vivido por Chico que visitava sua escola e relembrava seus anos de infância. Bruno Mazzeo interpretou o personagem do pai quando criança.
“O objetivo é que este seja o programa de origem de uma série”, explicava o humorista, à ocasião. O programa, porém, só foi ao ar àquela noite, com participações de Xuxa, Eduardo Dusek e Paulo Silvino, um professor que vivia em greve e dizia: “Assino mas não ensino”.
Nova Escolinha do Professor Raimundo
Em 2015, a Escolinha do Professor Raimundo ganhou um remake na Globo, segundo os atores, como uma forma de homenagear o passado. Bruno Mazzeo, filho de Chico Anysio, viveu o personagem do pai, assim como Lúcio Mauro Filho fez com Aldemar Vigário.
“Tentei deixar de lado a preocupação sobre se as pessoas iam me julgar, se eu estaria tentando imitar… Quando fiz a prova do figurino e percebi o quanto aquilo era diferente pra todos ali, percebi como era algo bonito”, contou Mazzeo em entrevista ao Estadão em 2015.
“Eu disse: ‘bom, é isso. Estou homenageando meu pai, fazendo o melhor que posso fazer. E, nesse caso, o resto realmente é o resto, sabe?”, continuou.
Entre os nomes da nova geração do humorístico estão Mateus Solano (Zé Bonitinho), Marcos Caruso (Seu Peru), Dani Calabresa (Catifunda), Fabiana Karla (Dona Cacilda), Rodrigo Sant’Anna (Batista), Érico Brás (Seu Eustáquio) e Leandro Hassum (Mazarito).
Desde o dia 29 de julho de 2020, a Escolinha do Professor Raimundo também ganhou um podcast.