Quando as emoções trazem impactos irreversíveis
A saúde emocional no Brasil ainda é negligenciada, seja por vergonha de buscar um tratamento ou pela desinformação sobre necessidades e possibilidades de intervenções. O que vemos hoje é um grande número de pessoas que deveriam buscar um atendimento psicológico e que continuam sofrendo sem saber como lidar com a dor, mas “resolvendo” isso de forma caseira. A dor nem sempre se cura sozinha, o sofrimento não precisa ter motivo e fazer terapia não é coisa de louco. Para que possamos ter uma sociedade emocionalmente saudável precisamos quebrar barreiras que hoje nos limitam e impedem que algumas pessoas se sintam à vontade para buscar o tratamento adequado. Lidamos com a vergonha, com o preconceito e com a falta de suporte dos amigos e familiares para o tratamento que pode ser a base do bem viver. Um vigia ateou fogo em crianças de quatro anos em Minas Gerais, um adolescente atirou contra colegas de escola em Goiânia. O que falha aqui é o cuidado, a escuta e a garantia de assistência à saúde mental daquele que vive em sofrimento e precisa de ajuda. Todos sabemos que isso não irá resolver todos os problemas e, obviamente, não acaba com as crises, tragédias e criminalidade. Mas, em vários momentos, olhar para a saúde mental e dar suporte para quem precisa é a arma que precisamos ter. Tragédias anunciadas que poderiam ser evitadas, ou ter um impacto reduzido, se o tratamento correto fosse realizado. Chega da cultura de que depressão é frescura, que é só reagir que passa, que isso tudo é preguiça e falta de vontade. O sofrimento não precisa de justificativa para existir, o que precisamos é ter empatia e entender que o outro sofre mesmo que o motivo não faça sentido para nós. Ouvir, se colocar no lugar do outro e deixar a compaixão rolar. Ajudar e dar o suporte para que a pessoa busque o profissional qualificado para acompanhar seu caso. Sem receios, preconceitos ou críticas. Existem coisas que não conseguimos vencer sozinhos. Aceitar as limitações é o primeiro passo para se conscientizar da necessidade do acompanhamento. É importante poder dividir o peso, encontrar alternativas e buscar a orientação necessária para que a realidade mude, ou ao menos, para que as perspectivas melhorem.
Cuide da sua saúde emocional, acompanhe as pessoas próximas e incentive para que elas façam o mesmo. Esse é o movimento que precisamos fazer para mudar a história.
Simone Steilein Nosima – Psicóloga – CRP: 08/09475