O Jaguar Tales e sua turma têm a missão de salvar a floresta da Vila dos Brichos das maldades de três vilões da pesada: Ratão (André Abujamra), o terrorista Al-corcova (Antônio Abujamra) e MR. Birdestroy (Marcelo Tas), o investidor internacional que vai tentar destruir a natureza em busca do lucro fácil.
Essa história você confere no longa-metragem “Brichos 2 – A Floresta é Nossa” animação que estreou no dia 25 de dezembro em mais de 50 salas de cinema do Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Salvador, Campinas, Ribeirão Preto entre outras cidades.
Na capital paranaense, a obra está em cartaz no UCI Estação, UCI Palladium, Cineplus Jardim das Américas e Cineplus Xaxim.
Confira entrevista com o diretor Paulo Munhoz:
A Floresta é Nossa pode ser considerada como uma continuação do Brichos, seu desenho animado anterior?
Paulo Munhoz – Não, é uma aventura completamente diferente. Enquanto em BRICHOS, o primeiro filme, tínhamos a questão da identidade cultural brasileira tratada através da saga dos meninos que participam de um campeonato internacional de videogame, neste novo filme – BRICHOS, A FLORESTA É NOSSA – temos o pano de fundo da sustentabilidade planetária que suporta uma aventura divertida e contagiante onde vemos nossos personagens em várias partes do globo, numa aventura de suspense, ação e mistério.
Além do filme, há também o livro, não é mesmo?
Paulo Munhoz – Brichos é nosso projeto principal e envolve muita coisa. Tivemos o primeiro longa, uma minissérie de BRICHOS – A NATUREZA DA CULTURA, já fizemos dois livros, estamos agora para lançar o segundo longa, faremos uma grande série para TV e vamos lançar junto com o longa um game para smartphone. Enfim, Brichos é um projeto transmídia e nossos personagens são a expressão audiovisual que representa nosso povo e nossa natureza.
Um dos personagens principais é um filhote de Jaguar que se chama Tales, que é também o nome de seu filho. Quem “nasceu” primeiro?
Paulo Munhoz – O Tales, meu filho, é meio “pai” do filme (risos). Explico: eu pensava em primeiro fazer um longa, e depois ter um filho. Mas o tempo foi passando, passando e o longa não vinha. Quando percebi, eu já tinha quarenta anos. Assim, eu e a minha esposa Daniella decidimos ter um filho. Foi fantástico! Quando peguei o Tales no colo, recém-saído da barrida da mãe, eu olhei para ele e vi que tudo o mais não tinha tanto sentido. Não me importava mais ter um longa ou não, ser cineasta ou pipoqueiro ou banqueiro.
Nada substituiria aquela obra. Uma obra que andaria por suas próprias pernas. Bem, uma semana depois vem o resultado da Petrobras que viabilizou o projeto do primeiro filme, Brichos. Intimamente, eu queria dar o nome de Tales para o filhote de jaguar, mas de certa forma parecia apreço de pai. Passamos então a chamar o personagem de Sol. Mais pra frente acabei batizando o jaguarzinho de Tales mesmo.
O Tales, com 8 anos fez um filme em animação que foi selecionado para o festival também. Acho que temos um futuro animador pela frente (nos dois sentidos).
E o MARCELO TAS no filme, como foi isso?
Paulo Munhoz – É simplesmente genial. Eu havia criado o vilão, Mr. Birdestroy, um pouco inspirado na figura do Tas. Na hora de fazer a voz eu queria um nome de projeção nacional para o filme. Pensei, pensei e resolvi lhe mandar um e-mail. Em alguns minutos tive a resposta – Tô nessa! E vocês vão ver, ficou demais.
E O ABUJAMRA?
Paulo Munhoz – Nossa, essa foi outra bênção para o filme. Do primeiro longa para este, uma das nossas grandes perdas foi a morte do ator Mário Shoemberger que fazia o papel do Ratão, grande bandido da Vila. Para substituí-lo eu chamei o André Abujamra que fez uma voz maravilhosa e ainda nos trouxe para o elenco o seu pai, o gigante ator Antônio Abujamra, que fez um Al Corcova impagável. Fiz questão de homenageá-lo nos créditos finais, aliás, não percam, é muito engraçado.
Como você trabalha a voz dos personagens?
Paulo Munhoz – Eu gosto de gravar as falas, dirigindo os atores na busca da personalidade que imagino para cada figura e cada momento. Depois passo o áudio para os animadores. Assim, eles já partem de uma boa interpretação sonora para dar vida aos movimentos. Por exemplo, a Fabíola Nascimento (Estômago) fez o personagem Dumontzinho. A voz já carrega a impressão dos movimentos que ele vai ter. O legal é que o envolvimento do ator contribui muitíssimo para a performance visual. E nem sempre dá certo. Não basta atuar bem, a voz precisa combinar com o traço, com a forma.
BRICHOS – A Floresta é Nossa é feito em que técnica ou técnicas?
Paulo Munhoz – É um filme em desenho animado, ou seja animação 2D, totalmente feito no computador. Utilizamos técnicas de 3D para facilitar o a animação de algumas cenas, mas o resultado final é 2D.
De que maneira a experiência de Brichos contribui para A Floresta é Nossa?
Paulo Munhoz – Eu aproveitei todas as sessões em que Brichos foi exibido e todos os retornos recebidos para desenvolver este novo projeto. Assim tivemos subsídios para um redesign dos personagens e para criar um roteiro com ainda mais ação. São mantidas as personalidades dos personagens além, é claro, de um tipo de conteúdo realmente preocupado com a questão ecológica.
Podemos dizer então que os Brichos continuam em atividade?
Paulo Munhoz – Sim, desde que nasceram nunca pararam. Para se ter uma idéia, o primeiro filme foi lançado em 2006 e até hoje é exibido. Nós já acumulamos com esse primeiro trabalho mais de 150 mil pessoas em salas de cinema, fora os milhões que já viram pela TV (TV Brasil, TV Cultura, TV Aparecida). Além disso, tivemos circulação em outros países, em muitos festivais e mostras. Certa vez, uma senhora de Belo Horizonte nos mandou um e-mail perguntando onde encontrar o DVD do filme, pois ela queria que fosse o tema da festa de aniversário do filho dela, que ocorreria num cinema. No começo deste ano lançamos o livro A FLORESTA É NOSSA na livraria Cultura. Um menino, chamado Oto, chegou para mim e falou assim: ¨Paulo Munhoz, você precisa continuar com esse projeto dos Brichos, é muito importante para nós!¨. É muito gratificante e ao mesmo tempo é muita responsabilidade.
Como você conseguiu viabilizar esta produção?
Paulo Munhoz – Nós fomos contemplados no edital de cinema do BNDES que aportou o montante necessário para iniciarmos o projeto. Ganhamos também o edital da PETROBRAS. Tivemos apoios da Corsan, do Rio Grande do Sul, do SESI e SENAI do Paraná e recentemente ganhamos um edital de apoio à difusão da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba.