Digamos que aquele não era o dia mais ensolarado, mas depois de um ano e quatro tentativas frustradas por conta do clima, aquele domingo era o mais bonito. Eram exatamente nove horas da manhã, quando o despertador me avisou que eu deveria ligar ao instrutor em Paranaguá e descobrir se o tempo estava adequado para o meu primeiro salto de paraquedas. Com a notícia positiva, saí de Curitiba aproximadamente às 10h30.

O caminho até Paranaguá estava tranquilo, mas meu coração não. Tentando disfarçar a ansiedade, conversava sobre assuntos aleatórios com meu namorado, que dirigia. Eram 11h45 quando enfim chegamos. O salto estava marcado para as 14h, mas conhecer o terreno, digo, o aeroporto, era necessário antes do almoço.

Seguimos o mapa enviado por e-mail e encontramos o tal aeroporto. No cenário, uma lanchonete de madeira, uma casa onde o equipamento era preparado e muita grama ao redor. No céu, paraquedas coloridos enchiam os olhos e traziam ainda mais de ansiedade e nervosismo. Hora de procurar uma comida leve.

Com indicação de um restaurante, saímos à procura. Uma hora procurando e nada. Pedimos informação, entramos na contra mão. Não sei quem estava mais nervoso, eu ou ele.

Retornamos ao aeroporto por volta das 13h30. Hora de pesar e assinar o termo de responsabilidade. Tudo pronto. Só faltava chegar a minha vez. Letícia, uma amiga que saltaria junto comigo já havia chegado. Também vinha acompanhada pelo namorado.

A informação era de que os saltos estavam atrasados e os nossos demorariam ainda mais.

Esperar. Esperamos tanto, observando aqueles incontáveis paraquedas no ar. Em determinado momento parecia que já sabíamos tudo o que iria acontecer.

Avisaram que eu e Letícia não poderíamos saltar do mesmo avião. Teríamos que escolher quem iria primeiro. A decisão seria no par ou ímpar. Eu era par, mas saiu cinco. Isso significou mais meia hora de ansiedade.

Ela voltou gritando e pulando de alegria. Coração a mil, era a minha vez. Coloquei a roupa adequada, me despedi e fui.

Os próximos passos ainda são indescritíveis pra mim. Não tentarei ser melhor em palavras do que em expressões. No vídeo a seguir, a melhor sensação da minha vida.


Consequências
Dois dias depois, em plena terça-feira, minha cabeça doía muito. Uma dor estranha, nova. Esperei, achando que passaria sozinha. Na sexta, não aguentei e fui ao médico. O diagnóstico apontou uma sinusite traumática, causada pela mudança brusca de pressão.
Um mês de muitos remédios e nenhum arrependimento.