O filme é uma ótima oportunidade para entender um tanto a Lava Jato e ficar com vontade de acompanhá-la melhor a partir de agora(Foto: Divulgação)

Assistir ao longa é oportunidade para entender a Operação e também para se entreter

* Por Thiago Momm

1) Pela pegada. “A lei é para todos” não é uma transcendência em termos cinematográficos, mas nem precisa. Tem ótimo ritmo, é competente, mantém os espectadores acesos do minuto inicial ao final. Discussões políticas e jurídicas da Lava Jato são constantes no filme, e se não são ainda mais prolongadas ou aprofundadas, quem pode julgar? A Lava Jato também é adrenalina a cada nova operação deflagrada. O diretor apenas se aproveitou disso para apostar no estilo de filme-americano-com-pegada, e fez bem.

2) Pela reflexão. “Quem colocou o jabuti na árvore?”. Preste atenção nessa história do jabuti e da árvore, citada algumas vezes durante longo do filme. O que ela propõe discutir é: quais os efeitos reais do combate à corrupção? Até que ponto a maior operação anticorrupção da história do país consegue modificar nossa mentalidade e estrutura de desonestidade? O filme mostra que o Brasil inteiro precisa deitar no divã e quesitonar a fundo nossa sina de dinheiro sujo fácil.

3) Para olhar além dos partidos. Este filme, que muitos indivíduos politizados querem desmerecer argumentando que ele exaltaria cegamente a Lava Jato, é mais maduro que a mente dos radicais da política. O longa mostra que o poder se rearranja, que o jogo de interesses em uma investigação assim é extremamente complexo, que a Lava Jato não cabe em teorias conspiratórias (seus recuos recentes diante de certas figuras parecem ser mais bem explicados por figuras externas à Polícia Federal). A Lava Jato é o resultado de inúmeros méritos e limitações. Para não ver isso, é preciso estar com a mente bastante fechada. Como dizia a escritora George Eliot, “é a mente estreita que não consegue olhar para um tema de diversos pontos de vista”.

4) Para deixar de ser Bolsonaro. Para quem vai ao filme ou sai dele desprezando Lula, e a ele talvez querendo contrapor o aspirante a salvador nacional Bolsonaro, não custa lembrar que nenhum país militarizado, como Bolsonaro parece desejar, tem uma investigação tão intensa e permanente quanto a Lava Jato. Uma investigação assim existe apenas em uma democracia. Nada de errado em pensar em Lula e precisar tomar um antiácido, mas aproveite o filme para tentar imaginar um Brasil com Lava Jato e um executivo mais autoritário, na linha Bolsonaro. Inviável (o próprio deputado, aliás, admite que seu partido recebeu propina.)

5) Pelo resumo. É claro que a história detalhada da Lava Jato não cabe em 107 minutos de filme. Mas a explicação do começo da operação, sua estruturação básica, seus principais momentos e boa parte das suas maiores figuras estão todas ali. E, o mais importante, de maneira bastante clara e dinâmica. É uma ótima oportunidade para entender um tanto a Lava Jato e ficar com vontade de acompanhá-la melhor a partir de agora.

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