Vibra prevê mais competitividade com mesa de trading de derivados de petróleo em 2022

Publicado em 16 nov 2021, às 18h51. Atualizado às 18h55.

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Vibra Energia planeja iniciar a operação de uma mesa estruturada de trading de derivados de petróleo no início de 2022, em busca de maior competitividade em um mercado cada vez mais dependente de importações e que tem sofrido impactos a partir da elevação de preços no exterior, disseram executivos nesta terça-feira.

A empresa, que se coloca como a maior importadora de derivados do país, identificou oportunidades adicionais de geração de margens por meio de uma participação mais ativa e estruturada no negócio de comercialização dessas commodities, já em fase de estruturação interna na companhia.

“Hoje o nosso trading é muito focado no suprimento, ou seja, uma parte de criar competitividade no nosso acesso à molécula. A gente acha que ao montar uma mesa de trading… efetivamente, algo que está sendo estruturado e deve começar já no início do próximo ano, a gente vai ter muito mais flexibilidade para fazer essas operações”, disse o diretor-executivo de Finanças, Compras e RI, André Natal.

“Quando monta uma mesa estruturada, pode fazer outros tipos de operações, de carrego, de arbitragens, que vão inclusive dar flexibilidade para a gente mitigar eventuais efeitos dessas viradas de preços no doméstico.”

As declarações foram feitas durante conferência com analistas e investidores após a publicação dos resultados trimestrais.

Maior distribuidora de combustíveis do país, a Vibra teve lucro líquido de 598 milhões de reais no terceiro trimestre, alta de 78,5% ante um ano antes e também um ganho de 56,5% ante o trimestre anterior, informou a empresa na noite de segunda-feira, citando melhora nos volumes e margens.

COMPETITIVIDADE

O resultado trimestral da Vibra ocorreu apesar de tensões sofridas no mercado doméstico de combustíveis, devido a uma disparada dos preços no exterior.

A Petrobras –responsável por quase 100% da capacidade de produção de derivados do petróleo no Brasil– vem sendo pressionada por diversos segmentos no país para segurar os valores internos, e reduziu ao longo do ano a periodicidade de reajustes, em busca de evitar volatilidades.

No entanto, o Brasil não é capaz de suprir a demanda crescente do mercado apenas com produção doméstica e, por isso, depende cada vez mais de importações.

Para atender a demanda, a Vibra busca combinar compras da Petrobras e no exterior e ofertar um preço final competitivo em relação as demais redes.

Natal frisou que “não há prejuízo nas importações” da Vibra e que a empresa não está vendo dificuldade de precificar o produto na ponta.

“O nosso suprimento é mais competitivo por escala, pela nossa capacidade de fazer e executar, e naturalmente em um mercado como esse talvez seja um pouco mais desafiador para um player independente ou bandeira branca fazer essas importações”, disse Natal.

“Então, essa é a hora que a confiablidade de suprimentos se mostra mais divergente entre os tipos de players. Nessa hora é justamente quando a gente consegue trazer as cargas e ser muito competitivo e eventualmente ganhar espaço.”

Nesse cenário, a empresa ganhou 2,6 pontos percentuais na participação de mercado desde o final do ano passado, para 29,1%.

Também durante a conferência com analistas, o presidente da Vibra, Wilson Ferreira Junior, destacou que o cenário envolvendo preços de combustíveis no Brasil é um dos fatores que direciona a Vibra para buscar uma diversificação estratégica, em busca de se posicionar na comercialização de outros combustíveis.

“Todos os movimentos estratégicos, seja (a parceria com a Copersucar), seja na questão da trading de derivados, vão na direção de reconhecer que essa situação só tende a aumentar em termos de importância, dado que o mercado brasileiro continua se expandindo e o mercado de refinarias da Petrobras não está”, afirmou o executivo.

(Por Marta Nogueira)

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