A Renault e o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba chegaram a uma “solução conjunta”, conforme definem as duas partes, para encerrar a greve que completou 20 dias nesta segunda-feira, 10. A empresa abrirá outro Programa de Demissão Voluntária (PDV) com incentivo melhor do que o proposto anteriormente. Os 747 demitidos há 20 dias serão reintegrados, mas a intenção da empresa é que parte deles aceite o novo PDV.
A Renault mantém a meta de desligar 747 do total de 7,3 mil trabalhadores da área de produção do complexo de São José dos Pinhais para adequar o efetivo à atual demanda do mercado. Em razão da crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus, a montadora deve produzir este ano 186 mil veículos, ante uma previsão no início do ano de 353 mil unidades.
Para cada funcionário fora do grupo de demitidos que aderir ao PDV, um do grupo que deseja continuar na empresa voltará ao trabalho. Os que não forem convocados entrarão em lay-off (suspensão de contratos) por cinco meses. Se quando esse período se encerrar a empresa ainda não tiver colocação para o grupo, voltará a negociar alternativas com o sindicato. Depois desse processo a Renault abrirá um novo PDV para funcionários da área administrativa.
A proposta foi resultado de negociações entre empresa e sindicato ocorridas desde quinta-feira, dia em que a Justiça do Trabalho de Curitiba (PR), concedeu liminar em ação impetrada pelo sindicato de reintegração dos demitidos. Ela foi apresentada na tarde desta segunda em assembleia de trabalhadores e eles terão até hoje para votar, de forma online, se aceitam ou não.
“Com aprovação da proposta teremos garantia de pilares de competitividade que precisamos para o futuro da Renault do Brasil”, afirma a montadora em comunicado distribuído aos funcionários. Com base no acerto, a empresa poderá negociar a produção de novos modelos no complexo com a matriz da França.
Para o presidente do sindicato, Sérgio Butka, a proposta possibilita a manutenção de empregos daqui para frente e atende as demandas da empresa. “O que importa é o trabalhador ter mais tranquilidade para desenvolver sua função e produzir melhor.”
Sem reajustes
O novo plano de demissão voluntária receberá adesões até o dia 20 e prevê o pagamento de seis salários extras, independente do tempo de casa do funcionário. Também a extensão do plano de saúde para toda a família até junho de 2021 e do vale mercado até dezembro próximo. Quem aderir também receberá a primeira parcela do Programa de Participação nos Lucros (PPR) e um abono previsto para 2021.
A negociação também incluiu a data-base dos metalúrgicos para os próximos quatro anos. Fica definido a suspensão de reajustes salariais neste ano e no próximo – será pago um abono de R$ 2,5 mil no período e reposição pelo INPC em 2022. O PPR deste ano deve ficar em R$ 13,9 mil, caso a produção se confirme em 186 mil veículos. Se nos três anos seguintes os volumes a serem definidos serão pagos, respectivamente, R$ 27 mil, R$ 27,5 mil e R$ 28 mil. Novas contratações terão salários 20% inferiores aos atuais.
Caso a proposta seja aprovada, os funcionários retornam ao trabalho na quarta-feira. Os dias parados serão descontados gradualmente, um dia por mês. A greve foi decretada no mesmo dia em que a Renault anunciou as demissões após várias reuniões com o sindicato em que não houve acordo para o PDV apresentado na ocasião (que oferecia salários extras de acordo com o tempo de casa).