A alta de 8,9% na indústria em junho ante maio foi disseminada, alcançando 24 das 26 atividades pesquisadas, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A influência positiva mais relevante sobre a média global foi do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançou 70,0%, impulsionado pelo retorno à produção de unidades paralisadas por causa da pandemia da covid-19.
“A produção tinha sido quase toda paralisada, especialmente em abril”, ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
A fabricação de veículos acumulou uma alta de 495,2% em dois meses consecutivos de crescimentos, mas ainda opera 53,7% abaixo do patamar de fevereiro, período pré-pandemia.
Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria em junho ante maio foram de bebidas (19,3%), indústrias extrativas (5,5%), produtos de borracha e de material plástico (17,3%), outros equipamentos de transporte (141,9%), produtos de minerais não-metálicos (16,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (24,4%), outros produtos químicos (7,1%), máquinas e equipamentos (10,6%), produtos de metal (13,1%), produtos têxteis (34,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (15,1%), impressão e reprodução de gravações (63,4%) e móveis (28,5%).
Na direção oposta, os dois resultados negativos ocorreram em produtos alimentícios (-1,8%) e coque e produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%).
Comparação com junho de 2019
A queda de 9,0% na produção industrial em junho de 2020 ante junho de 2019 foi decorrente de resultados negativos em 21 dos 26 ramos, segundo o IBGE.
O efeito-calendário foi positivo – o mês de junho de 2020 teve 21 dias, ante 19 dias úteis em junho de 2019 -, mas o ritmo da produção industrial permanece menos intenso, ainda influenciado pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus.
“Junho de 2020 teve dois dias úteis a mais que junho de 2019, o que de alguma forma pode ter também contribuído para essa taxa negativa ter sido menos intensa, para além dessa volta gradual à operação”, observou André Macedo.
A queda na indústria em junho foi a oitava taxa negativa consecutiva, mas os resultados de maio (-21,8%) e abril (-27,5%) tinham superado os dois dígitos em decorrência da pandemia.
Em junho de 2020 ante junho de 2019, o setor de veículos automotores encolheu 51,6%, maior influência negativa na média global da indústria, pressionada pela menor fabricação de automóveis, caminhões, autopeças, caminhão-trator para reboques e semirreboques e veículos para o transporte de mercadorias.
Também houve contribuições negativas relevantes dos ramos de metalurgia (-25,3%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-46,8%), máquinas e equipamentos (-19,7%), couro, artigos para viagem e calçados (-44,7%), produtos têxteis (-23,7%), produtos de borracha e de material plástico (-9,7%), outros produtos químicos (-5,7%), produtos diversos (-28,7%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-17,7%), produtos de minerais não-metálicos (-6,3%), produtos de metal (-5,3%), outros equipamentos de transporte (-16,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,0%) e de indústrias extrativas (-1,0%).
Entre as cinco atividades em alta, a de maior contribuição positiva foi a de produtos alimentícios (8,0%). Produtos farmoquímicos e farmacêuticos cresceram 13,1%; bebidas, 7,8%; e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal, 12,1%.
O índice de difusão, que mostra o porcentual de produtos com avanços na produção em relação ao mesmo mês do ano anterior, subiu de 16,8% em maio para 36,1% em junho. Apesar da melhora, o indicador ainda ficou abaixo dos 50% em todas as categorias de uso, lembrou Macedo.