Mulheres recebem quase 20% a menos que homens no setor privado, diz governo

Publicado em 25 mar 2024, às 14h25. Atualizado às 14h46.

Um estudo governamental revela disparidade salarial de gênero em grandes empresas brasileiras. Segundo o 1º Relatório de Transparência Salarial, divulgado pelo Ministério das Mulheres e do Trabalho e Emprego, mulheres recebem em média 19,4% menos que homens nessas corporações. A diferença é ainda mais acentuada em cargos de liderança, chegando a 25,2%.

O levantamento abrangeu 49.587 estabelecimentos do setor privado com mais de 100 funcionários, realizado até março deste ano. Conforme os dados, a maioria das empresas participantes (73%) tem uma década ou mais de atuação, contabilizando quase 17,7 milhões de colaboradores.

A obrigatoriedade do envio dessas informações está estipulada na lei de igualdade salarial entre os gêneros, em vigor desde julho do ano anterior. A legislação prevê penalidades severas para empresas que não cumprirem as normas de equiparação salarial, incluindo multas significativas, estipuladas em até dez vezes o valor do salário do empregado discriminado. Além disso, a lei reforça a necessidade de tratamento igualitário em relação à raça e etnia.

No recorte por raça/cor, as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho (2.987.559 vínculos, 16,9% do total), são as que têm renda mais desigual. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 3.040,89, correspondendo a 68% da média, a dos homens não-negros é de R$ 5.718,40 — 27,9% superior à média. Elas ganham 66,7% da remuneração das mulheres não negras.

Diferença por estados

Os dados mostram diferenças significativas por unidades da federação, a depender das variáveis. O Distrito Federal, por exemplo, é a unidade da Federação com menor desigualdade salarial entre homens e mulheres: elas recebem 8% a menos que eles, em um universo de 1.010 empresas, que totalizam 462 mil ocupados. A remuneração média é de R$ 6.326,24.

Os estados de Sergipe e Piauí também apresentaram as menores diferenças salariais entre homens e mulheres, com elas recebendo 7,1% e 6,3% menos do que os homens, respectivamente. Porém, ambos os estados possuem remuneração média menor: R$ 2.975,77 em Sergipe e R$ 2.845,85 no Piauí.

São Paulo é o estado com maior número de empresas participantes, um total de 16.536, e maior diversidade de situações. As mulheres recebem 19,1% a menos do que os homens, praticamente espelhando a desigualdade média nacional. A remuneração média é de R$ 5.387.

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