A leitura do comunicado do Copom e o leilão do Tesouro com oferta menor de títulos derrubaram os juros futuros até os vértices intermediários e inflaram o volume de contratos negociados nesta quinta, 6, na B3. As taxas longas também caíram, mas menos que as demais, o que levou a curva a inclinar mais um pouco, dando sequência à trajetória vista nos últimos dias. As taxas, em especial as curtas, se ajustaram à sinalização do Banco Central de que a porta continua aberta a um eventual novo corte da Selic, ainda que a autoridade monetária tenha subido a régua para voltar a reduzir, contrariando a expectativa de que o comunicado indicaria interrupção no processo de distensão monetária.
Na curva a termo, as apostas de Selic em 2% em setembro continuam, assim como já eram nos últimos dias, amplamente majoritárias, mas, dada a surpresa do comunicado, a aposta de novo corte de 25 pontos-base na taxa reconquistou o espaço perdido nas últimas sessões. No fechamento, a curva projetava 25% de probabilidade para esta opção, ante 20% ontem no fim do dia. Já os vencimentos do miolo reagiram à indicação do comunicado de um ciclo longo de Selic estável depois que for encerrada a atual sequência de cortes que começou em julho de 2019.
O destaque da sessão foi o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 que fechou com taxa de 2,57% ante 2,772% ontem no ajuste, queda de 20 pontos e cerca de 480 mil contratos negociados. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou a 1,865%, de 1,953% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 3,64%, de 3,813% ontem no ajuste, e a taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,273% para 6,20%.
O Copom referendou o consenso de queda da Selic para 2%, mantendo na linguagem do comunicado algum grau de abertura para seguir cortando, o que surpreendeu boa parte do mercado que, em função da piora do risco fiscal, esperava a porta fechada a novas flexibilizações. Tanto que apostas de corte para setembro vinham caindo nos últimos dias, saindo de 30% de chances no fim da semana passada para 20% ontem. Pela manhã, ainda caíram um pouco mais, para 15%, mas à tarde já estavam em 25%.
De todo modo, a curva segue apontando nada menos do que 75% de probabilidade de manutenção da taxa em setembro. Também nos Departamentos Econômicos, a maioria dos economistas acredita que o ciclo de queda acabou. Pesquisa relâmpago do Projeções Broadcast sobre o Copom mostrou que 27 entre 32 instituições veem Selic estável no mês que vem.
No Banco Inter, a percepção é de que, ainda que o Copom não tenha fechado a porta, a evolução do cenário e a discussão sobre o ajuste fiscal devem ser impeditivos para futuras reduções. “A volta do crescimento de gastos fiscais permanentes poderia implicar aumento dos juros estruturais da economia impactando o crescimento de longo prazo”, afirma a economista-chefe Rafaela Vitória, que assina relatório do banco.
O recuo das taxas, com mínimas em toda a curva, foi ampliado à tarde após leilão do Tesouro, cuja oferta de LTN caiu drasticamente, de 28,5 milhões na semana passada para 8,5 milhões hoje e absorvida integralmente. A oferta menor é atribuída ao chamado “período de hiato” no qual os dealers do Tesouro não precisam negociar nos leilões, que vai até 10 de agosto. Mesmo sem essa demanda cativa, profissionais nas mesas afirmam que houve muito apetite pelos papéis, mas a oferta menor não conseguiu atender a todos, que, nesse caso, acabaram por montar suas posições aplicadas em DI.