O dólar teve novo dia volátil, mas firmou queda no final da tarde, acompanhando o exterior. A moeda americana nesta terça-feira, 4, ora devolveu parte da forte valorização de ontem, ora operou pressionada pelo temor de mais piora fiscal no Brasil e ainda de novos cortes de juros. No exterior, a divisa dos Estados Unidos teve dia de queda, ainda influenciada pelo crescimento de casos de coronavírus no país e o impasse para a aprovação de uma novo pacote fiscal em Washington, ainda sem acordo, mas com sinalização dos democratas de que está avançando. Houve ainda relatos de fluxo de entrada de capital externo.
O dólar à vista terminou a terça-feira em queda de 0,53%, cotado em R$ 5,2857. No mercado futuro, o dólar para setembro operava em baixa de 0,67%, a R$ 5,2935 às 17h50.
O temor sobre as contas fiscais brasileiras, já muito deterioradas, aumentou com a discussão em Brasília para a extensão do auxílio emergencial até dezembro, ajudando a pressionar o câmbio. “Os riscos de curto prazo pendem em direção a mais deterioração nas contas fiscais”, alertam os estrategistas do banco americano Citi. No longo prazo, o risco é a extensão do estado de calamidade até o final 2021, o que abre espaço para mais gastos públicos, conforme revelado pelo Broadcast Político. Essa seria uma das principais “bandeiras vermelhas”, alerta o Citi.
Para o estrategista e sócio da TAG Investimentos, Dan Kawa, o aumento do risco fiscal vem ganhando corpo nos últimos dias e uma das mostra é a depreciação recente do real, a queda do Ibovespa e o aumento da inclinação da curva de juros. O gestor observa que tem visto “sinais preocupantes” no ambiente político em tentar utilizar a pandemia como “desculpa” ou como um “caminho” mais fácil para aumentar gastos públicos.
O mercado, avalia Kawa, ainda deve dar o benefício da dúvida ao governo e ao Congresso, esperando que após a pandemia, o País volte a adotar uma postura de austeridade fiscal. Se esta esperança for perdida, pode haver forte pressão nos ativos locais e o comportamento dos últimos dias é uma prova do que pode vir. Na máxima hoje, o dólar encostou nos R$ 5,38.