Depois de 20 semanas, mercado para de elevar estimativa de inflação para 2022, vê juro mais alto no ano que vem

Publicado em 13 dez 2021, às 15h01. Atualizado às 15h05.

SÃO PAULO (Reuters) -O mercado financeiro elevou a projeção para a taxa de juros ao fim de 2022, depois de o Banco Central ter adotado uma linguagem mais dura ao decidir na semana passada tornar a subir a taxa Selic, enquanto as expectativas de inflação melhoraram ou pararam de piorar depois de uma longa série de altas.

De acordo com a pesquisa Focus do Banco Central –levantamento semanal do Bacen com analistas de instituições financeiras– divulgada nesta segunda-feira, o prognóstico para o juro básico da economia em 2022 subiu a 11,50% ano, de 11,25% do documento da semana anterior.

Na quarta-feira, o BC elevou a taxa Selic em 1,50 ponto percentual, para 9,25% ao ano, indicou nova alta da mesma magnitude para fevereiro e destacou em comunicado a importância de o ciclo de aperto avançar “significativamente” em território contracionista para consolidar o processo de desinflação e de ancoragem das expectativas em torno das metas.

O tom mais assertivo surpreendeu boa parte do mercado, que vinha de dados piores de atividade econômica. Dois dias depois, o IBGE divulgou um IPCA de novembro abaixo do esperado e com composição melhor.

As medidas de inflação projetadas por analistas para a Focus, por sinal, melhoraram.

O número esperado para 2021 cedeu de 10,18% para 10,05% –primeira queda após 35 semanas consecutivas de alta. A medida para 2022 se manteve em 5,02%, parando de subir depois de 20 semanas seguidas em ascensão.

A projeção para 12 meses caiu de 5,36% para 5,21%, enquanto a taxa para 2023 recuou de 3,50% para 3,46%. O IPCA esperado para 2024 teve ligeira queda, de 3,10% para 3,09%.

Todas as projeções anuais de 2021 a 2024, porém, seguem acima das metas para os respectivos anos –3,75%, ​3,50%, 3,25% e 3,00%.

Num cenário inflação ainda pressionada e juros mais altos, a economia padece. O prognóstico para o crescimento do PIB em 2021 recuou pela nona semana seguida, saindo de 4,71% para 4,65%.

A taxa esperada para 2022 ficou menor pela décima semana consecutiva, ainda que apenas ligeiramente –caiu de 0,51% para 0,50%.

Sobre taxa de câmbio, o mercado passou a ver dólar mais alto ao fim de 2021 (5,59 reais em vez de 5,56 reais), mas manteve a estimativa para a moeda ao término de 2022 em 5,55 reais.

(Por José de Castro)

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