X-Men: Fênix Negra desperdiça nas telas clássica saga dos quadrinhos
Cotação: ★½ Não existe um ser vivo na terra apaixonado por quadrinhos de super-heróis que não guarde um lugar especial no coração para a saga da personagem Fênix. Concebidas por Chris Claremont na segunda metade da década de 1970 e publicadas no Brasil pela Editora Abril anos depois, as histórias do surgimento, ascensão e queda da personagem se transformaram em um marco do gênero dentro do universo dos X-Men. Tanto que a ela foi reservado um lugar de honra dentro do arco de tramas dos mutantes nestas duas décadas de adaptações para o cinema: o último capítulo da série de filmes que se despede da assinatura da Fox.
Por isso, X-Men: Fênix Negra chegou aos cinemas neste fim de semana cercado de muitas expectativas. Pela relevância da saga de Fênix, por todas as transformações que marcam os tempos atuais da Marvel nos cinemas e também por chegar ao público logo depois do estrondoso sucesso de público e bilheteria do último capítulo dos Vingadores em todo o planeta. Estariam os mutantes aptos a repetir o que o outro grupo da casa fizera há pouco nas salas de projeção?
Infelizmente a resposta é não e aqui não há qualquer spoilernisso. Para frustração geral, Fênix Negraé um filme ruim e está há anos-luz de distância de representar nas grandes telas o que a história significou para o papel impresso. Agora acumulando a função de direção, o produtor e roteirista Simon Kinberg falha na tentativa de fazer um gran finale da trajetória dos mutantes. Em diálogos. Na direção de atores – os dois arquirrivais Magneto (Michael Fassbender) e Professor Xavier (James McAvoy) são uns dos poucos que ainda conseguem imprimir algum brilho a seus personagens. Na apresentação de alguns outros novos na franquia – quase ninguém sai do cinema, por exemplo, sabendo que o nome de quem Jessica Chastain interpreta é Vuk. Na etera questão de dar aos efeitos visuais maior importância na tela do que a história que vem sendo contada.
Existe também um grande problema chamado Sophie Turner. A atriz, que ganhou projeção fazendo a aclamada Sansa da série Game Of Thrones e se casou no mês passado com um dos Jonas Brothers, escorrega feio nesse filme, sem mudar muito as expressões faciais ou mesmo ter em mãos uma protagonista digna de real destaque em um roteiro cheio de outros de mutantes mais expressivos na linha do tempo dos pupilos de Charles Xavier. Na construção da trama, deixam a desejar até mesmo as breves sequências que remontam as suas origens – este filme, quando criança, Jean Grey utiliza poderes telecinéticos e telepáticos para mudar a estação de rádio do carro em que viaja com os pais e acaba provocando um acidente que a deixa órfã e a faz ser encaminhada para a escola de crianças “especiais” dos X-Men para anos depois, já pós-adolescente, ser exposta a uma gigantesca carga de radiação e se transformar em Fênix.
Com uma protagonista perdida, direção meia-boca, novos personagens mal apresentados, efeitos especiais que têm mais importância do que o roteiro em si, a despedida dos X-Men das telas desperdiça um dos momentos antológicos das HQs com um filme bobo e bem aquém da grandiosidade da equipe nos quadrinhos ou também de outras produções da Marvel. Parece que esse foi um produto elaborado na correria (aliás, muitas cenas precisaram refeitas por causa da semelhança com Capitã Marvel) e feito mais para contar o tempo até o apagar as luzes da festa na casa da Fox. Resta a expectativa a respeito da entrada e do uso dos mutantes neste novo Universo Cinematográfico Marvel sob o comando irrestrito da Disney.
X-Men: Fênix Negra (X-Men: Dark Phoenix, EUA, 2019 – Fox). Direção e roteiro: Simon Kinberg. Com James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Sophie Turner, Jessica Chastain. Fox. 113 minutos. Estreia nos cinemas brasileiros: 6 de junho.