'The Post' mostra que o passado nunca foi tão atual
Dirigido por Steven Spielberg, o filme foi filmado e lançado no intervalo de um ano
Você, provavelmente, já deve ter ouvido alguém dizer que feminismo está na moda. Mas The Post — A Guerra Secreta volta para 1971 para mostrar que discutir o espaço e respeito da mulher e, ainda, a liberdade de expressão é “coisa das antigas”. Dirigido por Steven Spielberg, o filme, que estreia no Brasil na próxima quinta-feira (25) foi filmado e lançado no intervalo de um ano. Mostrando a batalha de jornais para publicar o vazamento dos Documentos do Pentágono (Pentagon Papers), que detalharam o retrato enganador da Guerra do Vietnã pintado pelo governo dos Estados Unidos, o diretor que exigiu o ritmo acelerado. “Senti que existia uma urgência de refletir 1971 e 2017 porque eles foram terrivelmente semelhantes”, disse ele a uma plateia de Hollywood em dezembro de 2017 após a apresentação do filme. “Nosso público pretendido são as pessoas que passaram os últimos 13, 14 meses sedentas e famintas pela verdade”, completou.
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O debate acontece em um momento oportuno, sobretudo nos Estados Unidos. A começar pelo presidente americano, Donald Trump, que não se opõe em acusar os veículos de imprensa de mentirosos sempre que alguma notícia o desagrada, mesmo sem nenhum argumento que sustente sua fala. Também chama a mídia de “inimiga do povo americano”. E mais. Seu governo já ameaçou obrigar jornalistas a revelarem suas fontes, ignorando os princípios de liberdade de imprensa. Além disso, Hollywood ainda vê cicatrizar as feridas de uma série de denúncias de assédio sexual que vieram à tona em 2017. The Post dramatiza a batalha de jornais norte-americanos, liderados pelo The New York Times, para publicar os documentos vazados que mostravam que sucessivos governos haviam aumentado secretamente o alcance da ação militar norte-americana no Vietnã, mesmo quando líderes dos EUA já haviam sido convencidos de que não seriam capazes de ganhar a guerra.
Entre aqueles na linha de frente desta batalha estava a editora do Washington Post Katharine Graham, interpretada por Meryl Streep, que apesar de ter mais de 50 anos na época, ainda estava lutando para se estabelecer em um mundo dominado por homens. Katharine havia assumido o cargo de editora após a morte de seu marido, Phil Graham. Foi Katharine Graham que precisou dar a autorização para que o editor Ben Bradlee, interpretado por Tom Hanks, desafiasse uma ordem da Casa Branca, então comandada por Nixon, e arriscasse ser preso para publicar os “Papeis do Pentágono”. A decisão afetou não apenas a família de Katharine, mas seu futuro na empresa e a maneira como ela mesma se via. Para Streep, não há dúvidas sobre a relevância do filme para mulheres que ainda estão lutando por igualdade no ambiente corporativo e até em Hollywood. “Eu tento contar para mulheres jovens que não estavam vivas na época o quão diferente era muito recentemente, e ainda é naqueles círculos de liderança. Nós completamos a base da pirâmide mas… onde tudo é decidido, nós não temos paridade. Não estamos nem perto”, disse a atriz. The Post foi eleito como melhor filme de 2017 pela National Board of Review, um grupo centenário de acadêmicos, cineastas e profissionais sediado em Nova York. Meryl Streep foi apontada como melhor atriz e Hanks como melhor ator, tornando o filme um candidato favorito ao Oscar. Confira o trailer de The Post — A Guerra Secreta: https://youtu.be/k-tiJlEm76ADo R7