Tenet: Crítica
Com um mix de receio e empolgação voltei a sala de cinema após oito meses, para assistir Tenet em uma sessão de imprensa em Curitiba. O ofício fez com que mais 21 jornalistas estivessem no IMAX nesta manhã (27); a lotação da sala comporta 340 pessoas, apenas 50 lugares estão ativos para sessão seguindo as especificações de combate ao Covid-19. As poltronas são marcadas com intervalos variados (há algumas juntas para casais).
O diretor Nolan defende a importância da projeção em película, dos efeitos visuais práticos, das especificações técnicas de IMAX. Tenet marca o primeiro grande lançamento dos cinemas após a reabertura de algumas salas no Brasil.
Com um ótimo elenco, estrelado por John David Washington (Infiltrado na Klan) e Robert Pattinson (The Batman), o longa conta com muitas cenas inovadoras de ação, e consegue confundir o público ao mesmo tempo em que é previsível.
Nolan traz novamente o tempo para o centro da narrativa, tema comum em seus trabalhos. Washington interpreta um espião que aceita a missão de impedir uma possível guerra mundial. Através do traficante de armas milionário Andrei Sator interpretado por Kenneth Branagh, uma entidade misteriosa ameaça a realidade com o poder de inverter a entropia de objetos ou até de pessoas. Com isso, os personagens passam a existir de trás para a frente, do futuro para o passado.
Nolan usa com maestria lutas e perseguições com os dois lados da linha temporal simultaneamente. Tenet causa vislumbre e confusão mental digna do criador de A origem (2010) e Interestelar (2014).
O título pode ser traduzido como “princípio religioso”, e é uma palavra palíndromo, que pode ser lida da mesma forma de trás para frente. A metáfora era para ser perfeita tanto para obra quanto para motivação do protagonista.
A palavra foi escolhida por Nolan, porém, fica vaga no roteiro enfraquecendo o personagem de Washington. Ficamos sem entender por que ele aceita uma missão que ele mesmo não compreende, dificultando nossa conexão com o personagem. A omissão do seu nome, que é chamado de “o protagonista”, com o passar do tempo acaba tirando um pouco da surpresa de algumas revelações finais.
Os diálogos pioram ainda mais nossa conexão com os personagens, fazem uso de tantos termos técnicos que parece uma aula de física, o que leva a uma confusão ainda maior do espectador.
Tecnicamente Tenet é perfeito e faz jus as obras de Nolan, traz cenas de ação inovadoras com ótima atuação de todo o elenco. Mas perde de ser uma grande obra completa devido a linguagem complicada e final previsível.
Tenet estreia dia 29 de outubro nos cinemas que reabriram, e dia 30 no Planeta Drive-in, compre seu ingresso aqui.