Quem foi Eunice Paiva, tema do filme 'Ainda Estou Aqui'
Eunice Paiva é conhecida por ter lutado contra a ditadura militar, principalmente após a misteriosa morte de seu marido
Ainda Estou Aqui, filme de Walter Salles sobre a vida de Eunice Paiva, estreou com um sucesso estrondoso no Festival de Veneza. Mãe e filha, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, interpretam Eunice.
Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em São Paulo em 1929 e é conhecida como símbolo da luta contra a ditadura militar. Ela foi casada com Rubens Paiva, que se tornou deputado federal em 1962. Contudo, ele teve seus direitos políticos cassados em 1964 por conta do regime.
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Em 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva foi levado pela polícia da casa em que vivia com a família no Leblon. No dia seguinte, Eunice também foi presa e permaneceu 12 dias nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) sendo interrogada. Após sua libertação, Eunice passou a questionar o que havia ocorrido com seu marido – mas não obteve nenhuma resposta.
Em diversas cartas ao presidente Emílio Garrastazu Médici e outras direcionadas a diferentes autoridades, Eunice exigiu a verdade sobre o paradeiro do marido. Os órgãos oficiais, quando forneciam alguma resposta, davam relatos diferentes: ou que ele havia sido sequestrado por desconhecidos ou que havia fugido para Cuba.
Então, em 1996, após 25 anos de luta por verdade, que Eunice conseguiu que o Estado Brasileiro emitisse oficialmente o atestado de óbito de Rubens Paiva. A primeira prova objetiva de seu assassinato só foi encontrada 41 anos depois, em novembro de 2012, com uma ficha que confirmava sua entrada em uma unidade do DOI-Codi.
Filme é baseado em livro escrito por filho de Eunice Paiva
Em 2015, um dos filhos de Eunice e Rubens, Marcelo Rubens Paiva, contou a história do desaparecimento de seu pai e da luta de sua mãe no livro Ainda Estou Aqui. Na obra biográfica, ele divide o protagonismo com a sua mãe, relatando não apenas o esforços de Eunice pela verdade, mas sua batalha contra o Alzheimer.
De acordo com Walter Salles, a adaptação do livro para um filme durou sete anos até estrear no Festival de Veneza deste ano. “Durante os anos que passamos criando Ainda Estou Aqui, a vida no Brasil se aproximou perigosamente à distopia do anos 1970 – o que só tornou esta história ainda mais urgente”, disse o diretor ao festival.
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