Licença PETernidade: uma boa ideia para tutores e seus novos animais

Publicado em 23 ago 2022, às 16h51.

Uma ação criada pela Petz — uma rede brasileira de pet shops — no ano passado para estimular a adoção de cães e gatos tem sido utilizada por outras empresas do setor e de outras áreas, como a Vivo, por exemplo. Batizada de “licença PETernidade”, a ideia consiste na concessão de dois dias de folga para funcionários que adotarem um bichinho.

O objetivo é que o prazo longe do trabalho seja utilizado pelo tutor para ajudar o novo animal doméstico a se adaptar ao novo lar.

O “direito”, claro, não é assegurado pela legislação trabalhista, mas tem conquistado espaço no mercado. Cada empresa o utiliza com seus próprios critérios, mas as metas são comuns: estimular a adoção e também cuidar da saúde mental dos funcionários.

Folga do tutor realmente ajuda na adaptação do animal? 

Especialistas garantem que sim, tanto para os cães como para os felinos. “A partir do momento em que ficamos em casa com o gato nos primeiros dias, ele cria uma ligação maior com o tutor. É possível entender o comportamento do animal, delimitar melhor os locais da casa onde ele vai ficar, onde é o melhor local para se colocar as caixas de areia e os potes de água e ração é, muito importante, fazer a adaptação adequada com os animais já existentes na casa”, explica a Dra. Vanessa Genari, clínica geral do Hospital Veterinário Taquaral (HVT), em Campinas.

Com os cães não é diferente, como explica a Dra. Débora de Souza, especializada em clínica e cirurgia de pequenos animais e pós-graduanda em dermatologia veterinária.

“Tanto a família quanto o animal vão passar por um momento adaptativo. O cão por vezes viveu anos dentro de gaiolas ou nas ruas e o novo responsável pode ser um pai ou mãe de pet de primeira viagem. Muitas vezes a pessoa nunca teve nenhum animal antes e por isso se trata de uma adaptação a ser realizada por ambos os lados. É importante nessa fase o preparo da casa, oferecendo um local acolhedor e seguro para o animal”,

destaca a Dra. Débora, também clínica geral do HVT. 

Cuidados 

Algumas medidas precisam ser tomadas logo nos primeiros dias do pet em seu novo lar. No caso dos gatos, uma delas requer atenção antes mesmo da chegada do bichano.

“A medida mais urgente nos primeiros dias de adaptação antes de se adotar um gato é telar todas as janelas, sacadas e qualquer área externa da casa, para o animal não ter acesso à rua. Além disso, os gatos devem ser testados para as retroviroses felinas, como FIV/Felv, para descobrir precocemente uma doença e evitar a contaminação de outros gatos que a pessoa já tenha em casa. Também é importante nos primeiros dias não colocar diretamente o novo gato junto com outros e fazer muito gradualmente a adaptação entre eles”, orienta a Dra. Vanessa.

Para os cães, é extremamente importante separar, já nos primeiros dias, um ambiente onde o animal terá seus pertences. “É interessante definir um local mais acolhedor, onde o animal possa se esconder caso tenha medo nessa fase inicial, com caminha, brinquedos e potes de alimentação e água”, destaca a Dra. Débora. 

Outro fator que requer a atenção dos tutores é o cuidado com produtos tóxicos ou objetos que possam causar graves problemas aos pets. “Os gatos são muito curiosos e vão querer mexer em tudo, em fios principalmente. Já em relação às plantas, gatos se intoxicam com lírios, antúrios, violetas, copo-de-leite, espada de São Jorge, hortênsias e tulipas. O tutor deve evitar essas plantas em casa ou então não permitir o acesso do gato ao local onde elas ficam. O mesmo cuidado é necessário com remédios, alimentos que possam atrair a atenção deles e produtos de limpeza”, detalha a Dra. Vanessa. 

Quem já tem um bichinho em casa não deve se preocupar apenas com o caçula. Os mais velhos também exigem cuidados neste período de adaptação. “Esse animal também precisa receber atenção e monitoramento nessa fase inicial, pois alguns podem ter ciúmes, estranhar o novo integrante da família e brigar. É interessante realizar uma integração gradual dos animais e agradar ambos nesse momento, para que entendam que está tudo bem”, orienta a Dra. Vanessa.

“Com gatos o ideal é que no primeiro mês a comunicação entre eles se dê apenas pelo vão das portas. E caso já tenha um cão, é preciso observar se eles vão se tolerar porque pode acontecer de brigarem e até o cão correr atrás do gato. Estando presente, o tutor consegue perceber o comportamento de ambos e concluir se terá que separá-los ou não”, complementa a Dra. Débora.

Crianças

Tutores que possuem filhos pequenos também precisam orientá-los sobre como se relacionar com a “novidade” que acabou de chegar em casa. De um modo geral, a adoção de um pet gera enorme entusiasmo nas crianças. É uma reação natural, mas que requer cuidados.

“Os pais devem orientar as crianças que pets não são brinquedos. Quando filhotes ele ainda são frágeis e podem se machucar, dependendo da forma que forem carregados ou se caírem. Os gatos não gostam tanto de aperto e contato como os cães e podem arranhar ou morder. Então esse primeiro contato precisa ser delicado. É bom deixar o gato vir até a criança”, sugere a Dra. Vanessa.

“Quando chega um novo pet a uma família com crianças é importante explicar a elas que se trata de uma vida e que o animal também sente dor, fome, sede e sono. Temos que ensinar as crianças a respeitar os limites do animal, que, assim como ela, também têm necessidades fisiológicas que devem ser entendidas e respeitadas”, completa a Dra. Débora.