Gatos com focinho achatado têm dificuldades para expressar emoções

por Pauline Machado
@paulinemachadooficial
Publicado em 1 fev 2021, às 18h39. Atualizado em: 17 nov 2021 às 11h27.

Que os humanos amam os gatinhos não é uma novidade: essa é uma relação que já acontece há mais de 4 mil anos! Porém, nossa paixão por esses animais também acarretou consequências negativas, como a dificuldade para expressar emoções que os gatos de focinho achatado possuem.

Algumas dessas espécies são bastante adoradas, como os persas e os himalaios, por sempre estarem com uma aparência carrancuda. Essa expressão foi causada pela reprodução seletiva, mas fez com que os gatinhos não consigam mostrar dor, medo ou ansiedade com precisão.

A pesquisa foi publicada na revista Frontiers of Veterinary Science e conduzida por profissionais da Nottingham Trent University. Segundo os pesquisadores, a expressão permanente costuma ser associada à dor, mesmo quando o animal não está sentindo nenhum desconforto. “Eu não esperava descobrir que rostos braquicefálicos teriam expressões de dor”, explicou a pós-doutora veterinária Lauren Finka, que comandou o estudo.

Inclusive, a especialista alerta que essa expressão pode confundir os donos quando os gatos realmente estiverem sentindo dor. A pesquisa foi conduzida com fotos de 2 mil animais, que foram analisadas e atribuídas uma pontuação entre neutralidade e carranca completa. Depois, os resultados foram comparados entre os animais de focinho curto com os normais. 

A Dra. Finka explicou que, no geral, os gatos não costumam ser os animais mais expressivos, mas que os de focinho curto são muito mais propensos a ter uma expressão dolorosa mesmo quando completamente relaxados. A raça que tirou a pior nota nesse conceito foi a Scottish Fold, que mostrou mais cara de dor mesmo quando comparada a animais de focinho normal realmente sentindo dor.

Segundo a pesquisadora, a reprodução seletiva que gerou os gatos de focinhos curtos tem a ver com a ideia de eles sempre aparentarem ser filhotes, em um processo chamado de neotenização. Também vale ressaltar que os bebês (humanos ou filhotes) costumam ser muito chorões, que geram um sentimento de pena – talvez por isso os gatos evoluírem para ter um eterna expressão de sofrimento. 

“Provavelmente temos uma preferência inata por características semelhantes à dor, porque elas exploram nosso desejo de nutrir”, analisa Finka. E além da dificuldade de se expressar, animais com focinhos curtos normalmente possuem problemas respiratórios ou de visão.

Fonte: MegaCurioso