Estudo indica que 14% dos cães e gatos possuem diabetes
Assim como os humanos, cães e gatos também podem sofrer com doenças crônicas que precisam de um acompanhamento veterinário mais próximo, tanto para a remissão dos sintomas decorrentes quanto para o controle dos problemas. Dentre as enfermidades que mais acometem os pets, um estudo feito com 220 animais pelo Grupo Petlove – maior ecossistema pet do Brasil – indica que 14% sofrem com diabetes, um mal que exige tratamento adequado e mudanças na rotina alimentar e comportamental tanto para o controle das taxas de glicose bem como a possível remissão da doença nos felinos. Mas, segundo especialistas, muitos tutores ficam tão apreensivos com o diagnóstico de um problema crônico que, às vezes, esquecem das informações recebidas em consulta ou as dúvidas surgem depois.
Para orientar os tutores nestes cuidados com o animal após a descoberta da patologia, a Petlove desenvolveu o Programa de Cuidados ao Paciente Crônico, projeto-piloto inédito na medicina veterinária no Brasil que tem como objetivo auxiliar o dono do cão ou gato a oferecer uma melhor qualidade de vida ao pet e ter uma maior autonomia no gerenciamento de crises da doença crônica, sabendo identificar as complicações graves e conseguindo agir o mais breve possível. Também é abordado o que pode ser esperado da evolução da patologia, deixando o tutor preparado para todas as fases que virão pela frente. Seguindo a legislação atual e atuando via teleorientação conduzida por médicos-veterinários, o serviço tem como inspiração programas semelhantes na medicina humana e na veterinária em outros países e já está disponível para pets cobertos pelos Planos de Saúde da empresa.
No caso dos cães e gatos que sofrem com a diabetes, o Programa da Petlove atua para levar conhecimento sobre o problema ao tutor, desde o manejo correto da insulina até os sinais de alerta de descompensação. “Ao conhecer detalhes sobre a doença e contar com o apoio da nossa equipe, o tutor consegue implementar medidas simples de controle da diabetes que podem influenciar na estabilidade do pet, como rotina alimentar, prática de exercícios físicos, periodicidade de exames e visitas ao endocrinologista. Saber em detalhes sobre os desafios da enfermidade é estar pronto para eles e acreditamos muito que, especialmente na diabetes, não são só os medicamentos que salvam, mas sim todos os demais cuidados envolvidos no cotidiano do cão e gatos”, explica a médica-veterinária Joana Portin, responsável pelo projeto na Petlove.
A especialista comenta ainda que as duas complicações mais graves da diabetes, a cetoacidose metabólica e a hipoglicemia, trazem um grande risco de vida para o animal, mas, se identificadas precocemente, podem ser revertidas. Essa orientação direcionada também informa sobre doenças concomitantes que podem surgir tanto pela diabetes – como a cegueira (catarata diabética), cistites recorrentes, infecções recorrentes devido à baixa imunidade, alterações metabólicas como doenças hepáticas e pancreáticas – quanto pela idade avançada do pet. Assim, a equipe veterinária do Programa atua para trazer essa visão mais ampla do problema para que o tutor tenha condições de agir da melhor maneira ao primeiro sinal de alerta.
No caso específicos dos gatos diabéticos, quando a doença é diagnosticada precocemente e após o tratamento, manejo alimentar e controle da glicemia adequados, eles podem ter a remissão da diabetes, isto é, pode-se promover o controle até que o pet fique curado, dependendo da gravidade e do estágio do caso. Este é um exemplo da importância deste tipo de projeto, visto que, quanto melhor o tutor estiver informado sobre o problema, maiores são as chances do gato ou do cão apresentarem uma melhor qualidade de vida.
A rotina de acompanhamento do Programa da Petlove é estabelecida já na primeira ligação,de acordo com o quadro atual do pet e sua categoria de risco. Na maioria das vezes, os acompanhamentos são mensais e/ou bimestrais, porém, se o pet apresentar sinais que indiquem alguma condição agravante, a rotina é ajustada e os contatos podem ser feitos semanalmente.
“Entendemos que, além de todo o protocolo terapêutico estabelecido pelo veterinário do pet, é importante que o tutor tenha o suporte para os desafios da doença e é aí que entramos com ações que objetivam esclarecer todas as dúvidas. Orientamos sobre a importância de um acompanhamento periódico com especialista, sobre realização de exames, a identificação de sintomas que possam indicar alguma descompensação da doença e necessidades de ajustes no manejo diário com o animal“, conclui Joana.
Como identificar e tratar a diabetes
Para auxiliar na identificação dos primeiros sinais de que o pet pode ter diabetes, a veterinária da Petlove chama a atenção para algumas mudanças no comportamento:
– aumento na produção de urina;
– maior consumo de água, aparentando ter mais sede;
– emagrecimento;
– respiração ofegante;
– vômitos;
– falta de apetite (o que evidencia a doença mais avançada);
– especificamente nos gatos, o “andar plantígrado”, que é quando os felinos caminham encostando o calcanhar no chão, um sintoma que aparece em estágios mais avançados.
Caso o tutor note tais mudanças, a orientação é procurar o médico-veterinário o mais breve possível para o diagnóstico correto da doença.
Após a identificação da diabetes, o tratamento indicado é a aplicação de insulina – que, por padrão, deve ser feita a cada 12 horas – e uma readequação na rotina alimentar do cão e do gato. O recomendado é passar a adotar rações específicas para pets diabéticos sempre que possível, já que elas contêm fibras que ajudam na manutenção da glicose no sangue e melhoram a ação da insulina. Essa alimentação terapêutica é essencial para que esse objetivo seja alcançado e ainda contém carboidratos de baixo índice glicêmico, que ajudam muito na estabilidade da glicose.
Além disso, é importante evitar oferecer ao pet com diabetes petiscos industrializados a base de farinha, frutas e legumes com muito açúcar (como a cenoura e a beterraba), alimentos gordurosos, carboidratos de alto índice glicêmico como arroz branco, batata inglesa e formulações a base de farinha branca.
Também é fundamental incluir no cotidiano dos cães e gatos exercícios físicos de modo regular, principalmente quando se estabelece uma rotina fixa (alimentação + exercício físico de baixa intensidade sempre no mesmo horário, por exemplo). Essa prática ajuda a manter os níveis de glicose estáveis.