Conheça as empresas que lutam para criar uma vacina contra a Covid-19 para gatos
Se tudo correr como planejado, você poderá levar seu gato para tomar uma vacina de Covid-19 antes do final do ano. Sim, um imunizante contra coronavírus para gatos está em desenvolvimento.
Em novembro, um surto de Covid-19 nas vastas fazendas de visons da Dinamarca levou ao abate de mais de 17 milhões de animais parecidos com furões para impedir a disseminação de uma nova cepa mutante do vírus perigoso aos humanos. Meses antes, o zoológico do Bronx em Nova York ganhou as manchetes quando revelou que um tigre tinha testado positivo para Covid-19. Desde então, dezenas de cães e gatos foram diagnosticados com casos leves da doença, em lugares que vão do Texas a Hong Kong. Agora, duas pequenas empresas de biotecnologia –uma na Itália e outra em Long Island, Nova York– estão trabalhando juntas em uma vacina contra a Covid-19 para gatos que pode prevenir a reinfecção em humanos e acalmar os temores de donos de animais em todo o mundo.
Desenvolvida pelo braço veterinário da startup italiana Takis Biotech, a EvviVax, em parceria com a Applied DNA Sciences de Nova York, a vacina consistirá em duas doses e entrará em testes clínicos em gatos neste mês em Nova York. É baseada na mesma tecnologia usada para a vacina Covid-19 da Takis para humanos, em desenvolvimento desde o início de 2020, que usa fragmentos de DNA para produzir proteínas que induzem uma resposta imune contra o vírus. Os testes devem durar seis meses, com o objetivo de receber a aprovação do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) até o verão norte-americano.
Os primeiros animais a serem inoculados com a vacina serão os gatos. A maioria dos 54 gatos nos EUA com diagnóstico de Covid-19 teve sintomas leves que variam de espirros a coriza, diferente das altas taxas de mortalidade em visons infectados. Além de proteger os bichanos da infecção, o objetivo principal é impedi-los de desenvolver uma cepa mutante que possa reinfectar humanos. Embora não tenha havido nenhum caso de felinos infectando humanos com o vírus, o potencial de transmissão ainda existe.
“Acho visceralmente difícil acreditar que o gato dormindo aos pés da minha cama, infectado com Covid, não oferece risco aos humanos de forma alguma”, disse o CEO da Applied DNA Sciences, James Hayward, alertando que ainda há poucos motivos para que os proprietários se preocupem em serem infectados por seus animais de estimação. “Não acho que ter um vírus mortal para humanos dentro de casa seja uma boa ideia. Ao proteger os animais domésticos, também estaremos nos protegendo.”
Os cientistas ainda estão estudando as raízes do vírus que causa a Covid-19, com os morcegos frugívoros sendo a origem mais provável do SARS-CoV-2, o vírus que causa a doença. Prevenir qualquer infecção futura de humanos para outras espécies e vice-versa, conhecida como transmissão zoonótica, é a chave para conter a disseminação de novas cepas mutantes, como a encontrada nos visons dinamarqueses.
“O que aconteceu com os visons é que novas variantes do vírus surgiram com mutações, e ainda não sabemos se essas mutações tornam o vírus mais contagioso ou mais forte. Obviamente, a preocupação é que essas novas variantes possam ser uma ameaça ao sistema imunológico, mesmo após a vacina”, disse Luigi Aurisicchio, CEO e diretor científico da Takis Biotech e sua subsidiária EvviVax. “Os testes que estamos fazendo com gatos também nos ajudarão a entender como podemos responder rapidamente às variantes que surgem nos animais.”
A Applied DNA e a EvviVax estão em negociação com fabricantes maiores para ajudar a produzir mais doses da vacina antes de sua aprovação. Se aprovado pelo USDA, espera-se que os donos de gatos possam vacinar seus animais de estimação em clínicas veterinárias até o outono deste ano. Como a vacina requer um método de entrega complexo chamado eletroporação –usando um breve pulso de eletricidade para permitir que a vacina entre nas células mais facilmente– é provável que inicialmente só esteja disponível em clínicas maiores com as ferramentas certas para administrá-la. É muito cedo para saber quanto custará, mas as empresas esperam que seja semelhante a uma vacina de rotina para seu animal de estimação.
Além dos gatos, o medicamento pode ser usado em vários outros animais, desde coelhos, cachorros, furões e até visons e grandes felinos –como leões e tigres– em zoológicos. O Centro Federal de Saúde Animal da Rússia também está trabalhando em uma vacina semelhante para animais de estimação, com testes clínicos programados para serem concluídos no final deste mês com a meta de aprovação pelo órgão regulador da Rússia em fevereiro.
Antes de abater todos os seus visons, a Dinamarca respondia por 40% da produção global de peles de vison, uma participação considerável em uma indústria estimada em US$ 40 bilhões por ano, de acordo com a International Fur Federation. Fazendas de visons nos EUA e na Europa também estão lutando contra seus próprios surtos de Covid-19, com relatos de propagação do vírus em visons selvagens de Utah. Uma vacina de sucesso para gatos poderia eventualmente ser usada pela indústria de vison, fornecendo uma base de clientes potencialmente lucrativa para a Applied DNA e EvviVax, de acordo com as duas empresas.
“Este é um próximo passo óbvio”, diz Aurisicchio. “Também pode fazer sentido vacinar outros animais, como macacos e gorilas, que podem ser infectados como os humanos.”
Fonte: Forbes