Sudário nada santo
A manhã se abre como num sonho denso.
Há exaustão pura a preencher os corpos.
As almas estão saciadas e podem até voar.
Nem uma xícara de chá acalma os nervos.
Tudo está à flor da pele e os poros se abrem.
Foi louca a maratona de contorcionismo puro.
Variadas posições na busca única pela explosão.
O mudo virou do avesso junto com os corpos.
Nos lençóis, a marca de um sudário nada santo.
Prova definitiva de um encontro mais que carnal.
Lábios inchados denotam o prazer vivo sentido.
Mãos trêmulas não escondem a fadiga deliciosa.
Basta um lapso de energia para tudo se acender.
De novo a mescla na cópula surrealista e única.
Voo rasante rumo ao penhasco pontiagudo.
A umidade encharca a cama inteira e escorre.
Dedos, línguas, braços e pernas se entrelaçam.
O cansaço se evapora junto com o suor vertente.
Expiação pura no fogo vulcânico inevitável.
Propagação do prazer que reverbera pelas eras.
Jossan Karsten
Imagem de Efes Kitap por Pixabay