Ruínas e sal
Publicado em 30 jul 2020, às 10h39. Atualizado em: 6 ago 2020 às 13h45.
Às vezes eu vejo gaivotas por aqui.
Disputam migalhas dos pescadores.
Olho para as gaivotas e sinto medo.
Não posso acabar brigando por restos.
O espaço da noite é preenchido por apitos.
A rota de navios mercantes não está longe.
Volto ao cais decrépito quase todas as tardes.
Olho o mar escuro e sinto o frio intenso.
Parece que no inverno as ondas se agitam mais.
O choque brusco nas pedras faz tudo tremer.
A cada volta, um pedaço do cais se vai.
Há feridas abertas nessas velhas ruínas.
Agressivo, o mar esfola as pedras.
Há um quer que seja de belo na dor e no sal.
Estou neste espaço segregado à solidão.
No meio da noite o vento forte me tira o sono.
Jossan Karsten