Redenção mágica do indivisível

Publicado em 24 set 2020, às 08h54. Atualizado às 12h50.

O tempo não desfez a magia, tampouco interrompeu o desejo.

Por décadas, a busca prosseguiu, mais psicológica do que física.

Tudo parecia escrito em uma tábua invisível aos olhos comuns.

Sentimentos transbordantes a irrigar a lavoura imaginária do amor.

Porém, chegou o dia do encontro dos corpos há muito ansiosos pelo momento.

As células estremeceram no avançar cruel das horas ingratas.

Uma chuva caiu como bálsamo a arrefecer a loucura bruta da solidão.

Surreal foram os olhares trocados, segundos antes do toque das mãos.

Nas consciências fatigadas pela longa espera, o acender da chama necessária.

Tudo ficou repleto de luz quando os dedos delicados, finalmente se entrelaçaram.

Lágrimas correram pelos olhos ardentes, tornando tudo turvo e embaçado.

Em meio à miscelânea de sensações, o sorriso aberto sacramentando a vida.

Houve aplausos do sol e reverências de estrelas dançantes e afoitas.

Os astros conspiraram e as luzes do desejo clarearam a estrada reta.

Lábios intumescidos delataram a verdade estagnada por décadas.

A cidade parecia ladrilhada de pedras preciosas, tamanho o brilho que irradiava.

De mãos dadas, seguiram pelo desconhecido na noite infantil e inocente.

Encaixe perfeito das almas gêmeas que finalmente transcendiam.

Mescla de planos físico e espiritual na avalanche de prazer absoluto.

Derrame de vida nos múltiplos orgasmos selando o eterno e indivisível ser.

Jossan Karsten

Imagem: Pixabay License