Redenção mágica do indivisível
O tempo não desfez a magia, tampouco interrompeu o desejo.
Por décadas, a busca prosseguiu, mais psicológica do que física.
Tudo parecia escrito em uma tábua invisível aos olhos comuns.
Sentimentos transbordantes a irrigar a lavoura imaginária do amor.
Porém, chegou o dia do encontro dos corpos há muito ansiosos pelo momento.
As células estremeceram no avançar cruel das horas ingratas.
Uma chuva caiu como bálsamo a arrefecer a loucura bruta da solidão.
Surreal foram os olhares trocados, segundos antes do toque das mãos.
Nas consciências fatigadas pela longa espera, o acender da chama necessária.
Tudo ficou repleto de luz quando os dedos delicados, finalmente se entrelaçaram.
Lágrimas correram pelos olhos ardentes, tornando tudo turvo e embaçado.
Em meio à miscelânea de sensações, o sorriso aberto sacramentando a vida.
Houve aplausos do sol e reverências de estrelas dançantes e afoitas.
Os astros conspiraram e as luzes do desejo clarearam a estrada reta.
Lábios intumescidos delataram a verdade estagnada por décadas.
A cidade parecia ladrilhada de pedras preciosas, tamanho o brilho que irradiava.
De mãos dadas, seguiram pelo desconhecido na noite infantil e inocente.
Encaixe perfeito das almas gêmeas que finalmente transcendiam.
Mescla de planos físico e espiritual na avalanche de prazer absoluto.
Derrame de vida nos múltiplos orgasmos selando o eterno e indivisível ser.
Jossan Karsten
Imagem: Pixabay License