Microconto
Quantas vezes não desejamos ser criança novamente? Era bom né? Sem contas para pagar, sem responsabilidades, inocentemente vivendo cada momento com intensidade, brincando de forma lúdica e resolvendo as diferenças de forma prática, rápida e sincera, ou está de bem ou está de mal.
Hoje, não é bem assim, nas últimas décadas conseguimos acabar com a infância. Os guris e gurias nascem e parecem que não tem cordão umbilical, são conectados por cabo USB; seus dedos parecem ter sido adaptados para “esfregarem” as telas “touchscreen” dos aparelhos eletrônicos sem pudor.
Pior, não contentes com o afastamento do lúdico, ainda matriculamos a molecada nos mais variados cursos de reforços, aulas particulares de idiomas, informática, enfim, conseguimos acabar com a infância. Tudo por conta da competição capitalista desenfreada, mas, se não fizermos isso, eles não sobreviverão ao mundo lá fora… Será?
Talvez, o mundo esteja precisando que valorizemos as coisas mais simples, que deixemos um pouco de lado toda a tecnologia e conforto, por mais momentos de interação com as coisas universais. Se cada pessoa colocar a cabeça para fora da janela de casa, em algum momento os vizinhos se reencontrarão.
“Na infância, bastava sol lá fora e o resto se resolvia.” – Fabrício Carpinejar