Mão dupla em faixa contínua
Mais um torque na maquinaria do tempo.
Movimento lento, quase imperceptível.
Giro vagaroso da vida no fechamento de ciclo.
A faixa amarela e dupla da estrada, pede cautela.
Não há por que ultrapassar o tempo agora…
Giram as engrenagens de encaixes milimétricos.
Avançar sutil da geração e da vida passando.
Estrada aberta é convite à viagem necessária.
Palavras não ditas ecoam no silêncio da noite.
Sem luar, não há como perceber a dor noturna.
Em faixa contínua não se pode ultrapassar. É lei.
Mas o ciclo da vida pede pequenas transgressões.
Olhos fitos à frete. Atenção no retrovisor.
Uma pisadela no acelerador. Torque. Avanço.
O velho ciclo ficou para trás. Tempo novo agora.
Em silêncio, a maquinaria continua a missão.
Perpetuar de movimentos a desenhar a vida.
Tudo chega e se vai pela estrada de mão dupla.
Pouco fica estático, pois o tempo é movimento.
Sonhos pontuam ciclos e reforçam a maquinaria.
Jossan Karsten