Gêiser estroboscópico
Faço um mergulho para o mais profundo possível.
Vou para dentro de uma esfera azulada, fosforescente.
Eu vejo constelações que me guiam para dentro de mim.
Setas apontam para teu espírito que é de luz, sonho e vida.
Quero entrar pelo portal que me circunda com cores estroboscópicas. Devo?
Uma vez lá dentro, verei outra realidade. Estou preparado?
Encontro-me em um deserto escaldante e perigoso de dia.
À noite, o frio vai endurecer o meu corpo, eu bem sei.
Vim em busca do gêiser expiador de todos os males.
Quero esta fonte jorrante a me batizar no prazer infinito.
Eu exploro o deserto sem medo algum. Sou guiado pelas cores.
Digo teu nome em um mantra que está fixo em meu espírito.
Estou em busca de mim mesmo e desta vertente perfeita.
Jorra vida e prazer nas horas mais inusitadas da existência.
Gêiser surreal que explode com um toque especial de amor.
Observo a ave de rapina que gorjeia por sobre a imensidão de areia.
Explosão que me consagra como verdadeiro filho da luz.
Não é preciso espada para conquistar este reino, só paz…
Entrelaçar de línguas, braços, pernas e sexo. Tudo pulsa.
Encontro sagrado em meio à luz que banha o espírito insano.
Adormecido, o gêiser explode em fortes torrentes e jatos.
Artesianas sensações a percorrer os corpos unidos e molhados.
Vertente inesgotável da legítima água viva do batismo divino.
Líquido fervente para amainar o frio noturno do deserto.
Mergulho insólito este que faço sem pressa e sem medo.
Vou ao fundo de mim mesmo converso com o outro eu.
Expressões falam muito da vida que buscamos em sonhos.
E tudo treme quando a explosão se aproxima. Iminência!
O suor escorre pelos corpos e a fonte do prazer pulsa, lateja.
“Agora!”, anuncia. Abro meu espírito. Bebo. Afogo-me.
Jossan Karsten