Campos arados

Publicado em 3 set 2020, às 10h47.

Estou por aí, pelas eras, pelas eiras, pelas beiras das estradas de terra, de asfalto.

Sigo sem destino, mas com olhos fitos no futuro e meu futuro é você.

Não, eu não aceito que tudo seja passado, e que não temos mais história.

Estou por aqui, pelo tempo e te procuro. Tudo certo, tudo bem. Deve ser assim mesmo!

Olho algumas nuvens no horizonte. O calor faz sua estreia na primavera.

Invoco teus olhos molhados de lágrimas de sonhos e de alegria. Olhos de paixão.

Eu danço contigo no ritmo da mais perfeita e exímia balada. Somos sonhos.

Venha ao meu encontro, mesmo que pela última vez! Vou te esperar. Preciso! Careço!

Eu não sei o que eu fiz de errado. Só sei que hoje, erro por aí. Sou só um andejo.

Procuro teus olhos, teus sonhos a cada minuto neste tempo que não é meu.

Sem eira nem beira, caminho a esmo à espera de um encontro, de um “olá”.

Nada me detém. Eu só tenho os pensamentos e os pensamentos estão em ti.

Venha logo, surja em minha frente como o pouso manso de uma gaivota.

Quero te contemplar à beira-mar. Vou falar de flores, de aromas, da vida.

Não quero apenas sonhos de areia, desses que se desfazem com o vento.

Tenho a vida toda para te buscar. Estou sozinho. Não possuo bens tocáveis.

Sem eira nem beira, eu caminho pela beira da estrada. Sou dono do dia e da noite.

O vento mexe com meus instintos mais primitivos e eu uivo de dor.

Nada físico, é verdade. Tudo se resume a essa ausência que me percorre.

Estou em uma fase tardia da vida. Os anos me consomem como um cigarro aceso.

Campos arados se mostram e desaparecem no crepúsculo. Estou aqui, ando.

Vivo assim, sem eira nem beira, pelas beiras das estradas, buscando um rumo.

Eu sei que meu prumo, meu nível, minha direção, se resumem a teus olhos.

Não quero mais nada. Eu preciso parar, pôr o pé no chão. Mas cadê coragem?

Jossan Karsten