Curitiba reúne ações para conter aumento da temperatura

por Redação RIC.com.br
com informações da Prefeitura de Curitiba
Publicado em 17 mar 2021, às 23h15.

Ou chove de menos e as torneiras ficam sem água ou chove demais, causando enchentes e alagamentos. Com certeza são situações bastante familiares, já que as duas vêm acontecendo com cada vez mais frequência nas grandes cidades. E elas têm um denominador comum: as mudanças climáticas.  

Só em Curitiba, que hoje vive as consequências da estiagem, com rodízio no abastecimento de água tratada, a temperatura aumentou, em média, 1,2ºC, se comparado a seis décadas atrás. Essa elevação, que é ainda maior em outras cidades, tem origem na urbanização, que causa o aumento das emissões de gases do efeito estufa (GEE).

As informações são da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e do IPPUC, responsáveis pelos estudos e pela elaboração do Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima), lançado no final do ano passado pelo Prefeito Rafael Greca e que deve começar sua implementação neste ano. 

“O PlanClima consolida o compromisso de Curitiba com o enfrentamento às Mudanças Climáticas, com a melhoria da qualidade urbana e ambiental da cidade e com a qualidade de vida de seus habitantes”, afirma a secretária do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias. O material contou com o apoio da Rede C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima

O objetivo é tornar a cidade neutra em carbono, adaptada às mudanças climáticas e resiliente até 2050, alinhando-a às metas internacionais de enfrentamento do aquecimento global. A principal delas, do Acordo de Paris, é de conter o aumento da temperatura média global no limite dos 2°C, com esforços para que o aquecimento estabilize-se em torno de 1,5°C.

As cidades são protagonistas no enfrentamento ao aquecimento global, lembra o engenheiro ambiental e assessor técnico da Secretaria do Meio Ambiente, Felipe Ehmke. “A gestão da crise climática depende de ações locais e do forte comprometimento dos setores público, privado e da população”, reforça.

Ações locais

Nesta terça-feira (16), quando se comemorou o Dia Nacional de Conscientização Sobre as Mudanças Climáticas, o Observatório Sistema Fiep deu início a uma série de debates para a construção do Painel de Indicadores de Mudança do Clima de Curitiba. A entidade foi uma das selecionadas no edital do Google, com financiamento do Action Fund Brazil, e operacionalização pelo ICLEI

O projeto apresentado pelo Senai/PR, por meio do Observatório Sistema Fiep, está em fase inicial de construção e propõe a criação de um painel de indicadores sobre mudanças climáticas para Curitiba. Serão utilizados dados abertos e haverá atualização periódica para  ampliar o entendimento das mudanças climáticas e subsidiar a tomada de decisões e a implementação de políticas públicas.

A implementação fica por conta da parceria entre a Prefeitura de Curitiba, o Sistema Fiep, o Google e o ICLEI. “Uma das exigências para a seleção dos projetos era o envolvimento de diferentes públicos. Propusemos uma metodologia marcada por processos de inteligência coletiva no decorrer do desenvolvimento”, conta a gerente executiva do Observatório Sistema Fiep, Marília de Souza. 

Outro diferencial do painel, de acordo com Marília, é que ele ficará aberto para uso por toda a sociedade.

Curitiba foi uma das primeiras cidades da América Latina a integrar a iniciativa EIE Action Fund, parceria entre o Google.org e o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade. O fundo tem o objetivo de apoiar organizações sem fins lucrativos em projetos para mitigação de mudanças climáticas, por meio da ferramenta Environmental Insights Explorer (EIE), com dados exclusivos do Google sobre emissões de gases de efeito estufa.

Políticas públicas

Com vocação ambiental, Curitiba já tem uma série de ações que visam a recuperação do ambiente urbano, a redução de emissões de gases e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Entre elas, destacam-se:

Amigo dos Rios e 100 Mil Árvores
Programas que promovem melhorias ambientais com a participação da comunidade e consistem, basicamente, na limpeza dos corpos hídricos e na recomposição da vegetação nativa, respectivamente. 

Curitiba Mais Energia
O programa visa popularizar o uso da energia limpa na cidade. Já foi responsável pela implantação de painéis fotovoltaicos no Palácio 29 de Março e pelos projetos para instalação da Usina Solar do Caximba no aterro sanitário desativado e em terminais de ônibus e na rodoferroviária. Os projetos foram selecionados pelo C40, Cities Finance Facility, para apoio na elaboração. O Curitiba Mais Energia ainda conta ainda com painéis no Salão de Atos do Parque Barigui e com a CGH Nicolau Kluppel, que gera energia na queda d’água do Parque Barigui.   

Gestão de Risco Climático Bairro Novo do Caximba
Com o financiamento de US$ 57 Milhões da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), aborda principalmente a questão de adaptação e do aumento da resiliência urbana, com ações de relocação de famílias de áreas de risco, implantação de um dique para a contenção de cheias, reestruturação urbana e a construção de um parque linear.

Mobilidade urbana
A melhoria da infraestrutura de calçadas e cicloviária para promover a mobilidade ativa e a modernização do INTER 2 e do BRT Leste-Oeste, também são exemplos de projetos que reforçam a importância da redução de emissões de GEE provenientes dos combustíveis fósseis.

Segurança alimentar
Implantação de hortas comunitárias e da Fazenda Urbana, com seus respectivos Jardins de Mel, garantindo a população de abelhas sem ferrão para polinização, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional. Além de garantir alimentação de qualidade, reforça a infraestrutura verde da cidade com cultivos naturais. 

Reserva Hídrica do Futuro
Projeto busca ampliar a capacidade de reservação de água para o consumo da população, tanto por meio da implantação de caixas d’água em comunidades que sofrem com os problemas do abastecimento, bem como por meio da reservação hídrica ao longo das áreas das cavas do rio Iguaçu.