Margens de lucro de frigoríficos dos EUA saltam 300% na pandemia, diz Casa Branca
Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) – Quatro das maiores empresas de processamento de carne dos Estados Unidos, usando seu poder de mercado para elevar os preços da carne e pagar menos aos produtores, triplicaram suas próprias margens de lucro líquido desde o início da pandemia, afirmaram assessores de economia da Casa Branca.
As demonstrações financeiras das empresas de processamento de carnes – que controlam 55% a 85% do mercado de bovinos, aves e suínos – contradizem as alegações de que o aumento dos preços da carne foi causado por custos de mão-de-obra ou transporte mais elevados, disseram assessores liderados pelo diretor do Conselho Econômico Nacional, Brian Deese, em uma análise publicada no site da Casa Branca nesta sexta-feira.
Autoridades estudaram os balanços financeiros da Tyson Foods, maior empresa de carne dos EUA em vendas; JBS, com sede no Brasil, o maior frigorífico do mundo; a produtora brasileira de carne bovina Marfrig Global Foods, que detém a maior parte da National Beef; e Seaboard.
Estes reportes mostram um salto coletivo de 120% em seus lucros brutos desde a pandemia e um aumento de 500% na receita líquida, de acordo com a análise. Essas empresas anunciaram recentemente 1 bilhão de dólares em novos dividendos e recompras de ações, além dos mais de 3 bilhões de dólares que pagaram aos acionistas desde o início da pandemia.
O grupo comercial North American Meat Institute acusou a Casa Branca de “escolher a dedo” os dados.
“Não é por acaso que esta postagem do blog aparece no mesmo dia em que o Índice de Preços ao Consumidor é divulgado, mostrando que os preços da gasolina e da energia subiram quase 60% nos últimos 12 meses, o que é quase 10 vezes a taxa de inflação dos alimentos”, disse a presidente, Julie Anna Potts, em um comunicado.
As margens de lucro – o spread que as empresas estão obtendo além de seus custos – também aumentaram significativamente, desmentindo o argumento de que as empresas estão apenas repassando custos de mão-de-obra e oferta mais altos, informou o levantamento, com margens brutas de até 50% e líquidas de mais de 300%.
“Se os custos crescentes dos insumos estivessem impulsionando os preços da carne, essas margens de lucro seriam praticamente estáveis, porque os preços mais altos seriam compensados pelos custos mais altos”, disse a análise.
As empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
(Reportagem de Andrea Shalal)