AgRural deve cortar estimativa de milho verão por seca no Sul
SÃO PAULO (Reuters) – A safra de milho de verão do Brasil 2021/22 deverá ficar abaixo das previsões iniciais, uma vez que a estiagem e altas temperaturas têm afetado as lavouras ao Sul, afirmou a consultoria AgRural à Reuters nesta segunda-feira.
“Vamos cortar o milho verão, sem a menor dúvida”, disse a analista Daniele Siqueira, acrescentando que a consultoria trabalha na revisão de dados nesta semana, mas as informações disponíveis já indicam uma produção menor.
A AgRural projeta uma safra total de milho de 115,5 milhões de toneladas, sendo 21,66 milhões de toneladas no verão do centro-sul, o que deve ser revisado.
Mais cedo, a consultoria havia alertado em relatório que chuvas abaixo da média em novembro ao Sul do Brasil e previsões de um início de dezembro seco nessa região geram preocupações entre produtores de soja e milho.
O Rio Grande do Sul, onde a falta de chuva é mais sentida, é o principal produtor de milho verão do Brasil.
Além do cereal gaúcho, áreas de milho em pendoamento em Santa Catarina e no Paraná também podem ter prejuízos caso a previsão de tempo quente e seco se confirme, comentou a consultoria.
No restante do centro-sul do Brasil, que tem calendário mais tardio, o milho se desenvolve sob boas condições climáticas.
Esta semana deverá ser marcada por escassez de precipitações na maior parte da região Sul, incluindo áreas do Centro-Oeste como Mato Grosso do Sul, e parte do Sudeste (São Paulo), segundo dados do terminal Eikon, na Refinitiv.
Na próxima semana, há previsão de chuvas para o Paraná, mas o Rio Grande do Sul continuará com um padrão mais seco, segundo a meteorologia (https://amers2.apps.cp.thomsonreuters.com/cms/?pageid=awd-br-forecast-analysis-maps-gfsop-degc&hour=6&date=20211206).
SOJA
Para a soja ainda é cedo para se falar em qualquer revisão, uma vez que o Rio Grande do Sul planta mais tarde a oleaginosa em relação a outros Estados.
“Apesar de também precisar de chuva, e algumas áreas mais adiantadas do oeste do Paraná já estarem em fase de formação de vagem, os efeitos dessa seca sobre a soja são menores. É claro, há áreas plantadas na última semana no Rio Grande do Sul que precisam de chuva…”, comentou o analista Adriano Gomes, acrescentando que o problema também atinge Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
A projeção atual de safra de soja do Brasil é de um recorde de 145,4 milhões de toneladas, ante 144,3 milhões de toneladas no início de novembro.
Segundo a AgRural, a previsão de pouca chuva para a primeira quinzena de dezembro acende o sinal de alerta para os produtores que têm soja recém-plantada, cuja germinação pode ser impactada pela estiagem, e para aqueles que já possuem talhões em fase reprodutiva, quando a demanda por umidade cresce.
Paraná e Rio Grande do Sul estão entre os três maiores produtores de soja do Brasil, juntamente com o Mato Grosso.
Os dados da AgRural mostram que 94% da área estimada para a safra 2021/22 estava plantada até a última quinta-feira, avanço de quatro pontos ante a semana anterior, versus 90% no mesmo período do ano passado.
“Devido ao tempo mais seco, apenas o Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm ritmo inferior à média”, disse a consultoria.
“No resto do país, por outro lado, a safra vai muito bem até o momento, e a expectativa é de que a colheita já comece por volta do Natal em áreas mais adiantadas de Mato Grosso”.
(Por Roberto Samora)