43ª edição do Rally Dakar começa neste domingo de olho no futuro

Publicado em 2 jan 2021, às 13h49. Atualizado às 23h45.

Na madrugada deste domingo, será dada a largada para a 43ª edição do Rally Dakar, a mais exigente competição a motor internacional. Mas esta não será uma edição qualquer: em um mundo que pulsa com mudanças tecnológicas e sociais, a organização da prova se esforça para colocar o evento na trilha correta.

Em 2021, ao mesmo tempo em que cultiva a tradição com a criação da categoria Classic para carros históricos que disputaram o Dakar até o ano 2000, o rally também flerta com o futuro. Os organizadores anunciaram um projeto que fará todos os carros e caminhões trocarem a motorização a combustão pela movida a hidrogênio, uma tecnologia promissora mas ainda em desenvolvimento.

Paradoxalmente, o Dakar tem acordo de exclusividade para a realização de suas provas na Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do planeta. “Desde que surgiu, em 1979, um dos méritos do Dakar sempre foi ser um laboratório a céu aberto para a indústria. Esse anúncio é uma forma de atrair as montadoras, que precisam desse tipo de ambiente competitivo para acelerar o desenvolvimento de seus produtos”, diz o brasileiro Reinaldo Varela, da equipe Monster Energy Can-Am, que tenta o bicampeonato da prova ao lado do navegador Maykel Justo.

Rota da prova produzido pela organização: totalmente dentro da Arábia Saudita (Foto: Dakar/ASO)

Mortes em 2020

Ao longo de sua história, o Dakar já registrou a morte de 30 competidores, além de outras 45 vítimas entre membros de equipes e moradores locais. Em sua mais recente edição, a corrida teve dois acidentes fatais, ambos de moto – do português Paulo Gonçalves, 40 anos, e do holandês Edwin Straver, 48.

Para 2021, a ASO teve como meta aumentar a segurança nas dunas do deserto saudita, produzindo um roteiro no qual o foco será mais a qualidade da pilotagem e da navegação do que a velocidade pura. “Isso beneficia quem é mais técnico e experiente. Mas não alivia em nada o nível de dificuldade do rally como competição. Muito pelo contrário”, pontua Varela.

No caso das motos, foram limitados o uso de pneus novos na traseira (seis unidades) e troca de pistões (uma), obrigando os pilotos a poupar o equipamento para chegar ao final da competição no dia 15 de janeiro. Outra novidade é um bipe que soará dentro dos veículos ao se aproximarem de zonas sabidamente perigosas.

“É um sistema que funciona orientado por GPS”, revela Reinaldo Varela. “Muitas vezes, o cansaço impede o navegador de notar certos detalhes na planilha. Certamente esse aparelho vai poupar muita gente de situações perigosas, e quem sabe salvar vidas. Parabéns para a organização”, elogia o campeão do Dakar de 2018.