Três anos após tragédia, famílias das vítimas do voo da Chapecoense ainda lutam por justiça
O dia 29 de novembro ficará marcado para sempre na história do futebol de uma forma muito triste. O acidente aéreo que envolveu o time da Chapecoense completa três anos nesta sexta-feira (considerando o horário brasileiro – seria no dia 28 na Colômbia). O desastre deixou 71 mortos e diversas famílias desamparadas, que até hoje, mesmo tanto tempo depois, lutam por justiça.
Em entrevista exclusiva para a Gazeta Esportiva, Fabienne Belle, presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo da Chapecoense (AFAV-C), contou qual a atual situação da disputa judicial que envolve a companhia aérea LaMia e a corretora AON para o pagamento da indenização aos familiares das vítimas.
“Os seguros da companhia não foram pagos para ninguém”, afirmou Fabienne, que é viúva do fisiologista Luiz César Martins Cunha. “O que foi oferecido pela corretora e seguradora foi um fundo humanitário no valor de US$225 mil (cerca de R$958 mil) para cada família”, completou.
Quem aceitou a proposta, porém, assina um termo abrindo mão de seus direitos legais e comprometendo-se a não entrar em nenhum tipo de ação contra os responsáveis pelo acidente.
O valor sugerido é muito inferior ao que calcula a AFAV-C. Segundo a associação, cada família deveria receber entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões.
“Acontece que muitos se viram obrigados a assinar por necessidade do dinheiro”, ressaltou Fabienne. Ao todo, foram 28 famílias que aceitaram a proposta.
Como a presidente da associação explica, a AFAV-C foi criada para levantar informações e documentos que revelassem as verdadeiras causas e os responsáveis pelo desastre. “O acidente não aconteceu no minuto final. Ele nasceu muito antes. A responsabilidade é dos órgãos do governo da Bolívia, da Colômbia, da corretora e da seguradora”, declarou.
Esses documentos se tornaram públicos e foram levados a Brasília. A partir disso, o Governo Brasileiro começou a se envolver na causa, e a questão chegou, inclusive, ao presidente Jair Bolsonaro. No dia 20 de agosto deste ano, a associação também se reuniu com o ministro Sérgio Moro, para discutir possíveis medidas. O papel do Itamarati é, principalmente, articular as negociações com os representantes políticos bolivianos e colombianos.
“O Ministério Público agendou uma ação em favor das famílias solicitando o pagamento da apólice. Isso já está na mão do juiz Narcíso Baez, da 2ª Vara Federal de Chapecó. Será uma decisão muito importante para nós, mas quando se trata de justiça tudo é muito demorado”, disse Fabienne.
Quanto à relação das famílias com a própria Chapecoense, a situação hoje é bem diferente da que se tinha logo após o acidente. Segundo a presidente da associação, a postura do clube, em um primeiro momento, foi de usar a tragédia para se promover midiaticamente, algo muito reprovado pelos parentes das vítimas.
Esse problema não existe mais. Depois de muito diálogo, foi estabelecido um termo de ajuste de conduta, prevendo que a Chape consulte as famílias antes de tomar qualquer atitude que envolva os falecidos, além de incluir o clube na luta pelas indenizações. “Hoje, eles participam dos movimentos propostos por nós e sempre enviam representantes para as audiências públicas”, afirmou Fabienne.
Logo na semana em que o desastre completa três anos, a Chapecoense confirmou seu rebaixamento para a Série B do Brasileiro, o primeiro de sua história, após perder para o Botafogo na 35ª rodada do Brasileirão.
Confira a baixo a lista completa de vítimas e sobreviventes do acidente:
Vítimas:
Elenco da Chapecoense:
Danilo – goleiro
Gimenez – lateral
Bruno Rangel – atacante
Marcelo – zagueiro
Lucas Gomes – atacante
Sergio Manoel – meio-campista
Filipe Machado – zagueiro
Matheus Biteco – meio-campista
Cleber Santana – meio-campista
William Thiego – zagueiro
Tiaguinho – meio-campista
Josimar – meio-campista
Dener Assunção – lateral
Gil – meio-campista
Ananias – atacante
Kempes – atacante
Arthur Maia – meio-campista
Mateus Caramelo – lateral
Aílton Canela – atacante
Comissão técnica:
Caio Júnior – técnico
Eduardo de Castro Filho – auxiliar técnico
Luiz Grohs – analista de desempenho
Anderson Paixão – preparador físico
Anderson Martins – preparador de goleiros
Dr. Marcio Koury – médico
Rafael Gobbato – fisioterapeuta
Cocada – roupeiro
Sergio de Jesus – massagista
Adriano – membro da comissão
Cleberson Silva – membro da comissão
Luiz César Martins Cunha (Cesinha) – comissão técnica
Gilberto Pace Thomas – assessor de imprensa
Diretoria:
Sandro Pallaoro – presidente
Mauro Stumpf – vice-presidente de futebol
Eduardo Preuss – diretor
Chinho di Domenico – supervisor
Nilson Folle Júnior – diretor
Decio Burtet Filho – diretor
Edir de Marco – diretor
Ricardo Porto – diretor
Mauro dal Bello – diretor
Jandir Bordignon – diretor
Dávi Barela Dávi – empresário
Delfim Peixoto Filho – vice-presidente da CBF e presidente da Federação Catarinense
Imprensa:
Victorino Chermont – repórter
Rodrigo Santana Gonçalves – cinegrafista
Deva Pascovich – narrador
Lilacio Júnior – coordenador de transmissões
Paulo Julio Clement – comentarista
Mario Sergio Pontes de Paiva – ex-jogador e comentarista
Guilherme Marques – repórter
Ari de Araújo Júnior – cinegrafista
Guilherme Laars – produtor
Giovane Klein – repórter
Bruno Mauro da Silva – técnico
Djalma Araújo Neto – cinegrafista
André Podiacki – repórter
Laion Espindula – repórter
Renan Agnolin – radialista
Fernando Schardong – radialista
Edson Ebeliny – radialista
Gelson Galiotto – radialista
Douglas Dorneles – radialista
Jacir Biavatti – comentarista
Tripulação:
Miguel Quiroga – piloto
Ovar Goytia – piloto
Sisy Arias – copiloto
Romel Vacaflores – assistente de voo
Alex Quispe – auxiliar de voo
Gustavo Encina – representante da LaMia
Angel Lug – técnico da aeronave
Sobreviventes:
Alan Ruschel – ex-lateral da Chapecoense
Jakson Follman – ex-goleiro da Chapecoense
Neto – zagueiro da Chapecoense
Rafael Henzel – jornalista (faleceu em março de 2019, vítima de ataque cardíaco)
Erwin Tumiri – técnico da aeronave
Xemena Suarez – comissária de bordo