O Corinthians foi eliminado da Copa Libertadores na quarta-feira, dentro de casa. Além do desgaste psicológico, o Timão teve de enfrentar a decisão com um jogador a menos desde os 28 minutos do primeiro tempo. Por conta dessa situação, Tiago Nunes, aniversariante deste sábado, saiu do Morumbi satisfeito com o desempenho de seus atletas no clássico com o São Paulo, que na visão do treinador não merecia terminar sem gols.
“Nossa proposta era vencer o clássico. A escalação, os jogadores em campo… Tínhamos um foco muito claro mesmo tendo que recuperar em 48h para um jogo tão importante. Precisávamos de uma semana cheia para focar no São Paulo. É um time de muita qualidade, muitos movimentos, você precisa estar muito atento. A equipe se superou e fez uma partida de igual para igual. Penso que foi um jogo franco, aberto, as duas equipes atacaram. Um clássico que o empate acabou ficando feio para o torcedor, porque um jogo tão bonito merecia gols. Mas, como foi um jogo bacana de ver, penso que a equipe lutou o máximo que poderia dar com pouco tempo de recuperação”, comentou o comandante alvinegro.
“A gente que trabalha com o futebol e chega nesse mais alto nível, você é um competidor por natureza. A gente já superou muitas adversidades. Não é uma eliminação, por mais que seja um momento importante do clube, que vai tirar nosso foco e a ambição de continuar melhorando. Temos jogadores que disputaram Copa do Mundo, foram campeões mundiais, Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, Sul-Americana… Jogadores de muita cancha para sustentar um momento difícil”, continuou.
“Eu penso que nosso ritmo pesou um pouco. A gente começou um jogo de trocação com o São Paulo. Teríamos que ficar mais com a bola, circulando mais a bola, forçando menos. E entramos em jogo de contra-ataque. Gerou uma questão física que muitas vezes saímos perdendo. O entendimento de ficar com a bola somado ao desgaste acumulado dos últimos dias pesou para ter essa oscilação durante o jogo”.
Sobre a reclamação de pênalti por parte dos são-paulinos, em lance no fim do jogo de Camacho com Igor Gomes, Tiago Nunes se esquivou.
“Sem o VAR é difícil você avaliar com clareza. De onde estou vendo, está muito distante. Sei que tiveram reclamações de pênaltis para o São Paulo e para a gente. Um lance no final que era para ser amarelado e já tinha amarelo e não foi expulso. Falei para o árbitro que é um jogo muito difícil de apitar, com jogadores experientes”.
Confira mais trechos da coletiva do técnico do Corinthians:
Luan pela direita
“Jogador bom joga em qualquer posição. O Luan tem muita qualidade, roda bastante o campo. Teve função defensiva pelo lado, mas ofensivamente teve liberdade. Ele precisa tocar na bola muitas vezes”.
Piton x Sidcley
“O Lucas merece ser titular, assim como Sidcley merece por tudo o que já fez na carreira. Comentei com amigos da imprensa no CT que o Lucas está sendo preparado para ser titular do Corinthians. É um processo de entrada e saída do time até que ele possa ser firmado. Há um mês, ele iria disputar um jogo da Copa São Paulo e mandamos ele vir porque acreditamos que tem esse potencial para ser titular do Corinthians. Temos que dar continuidade ao Sidcley também porque é um grande jogador, tem passagens fora do país, precisa de ritmo, adaptação. Não posso descartar um jogador. Tem que estar todo mundo inteiro. Sidcley é importante assim como o Lucas tem um futuro brilhante”.
Estreia de Yony
“Yony tem alguns atributos que chamam muito a atenção. Ele tem muita força física. É um jogador de velocidade, que recebe bola no pé, que ganha a bola longa. Hoje teríamos que ter um embate físico com a linha do São Paulo. A presença dele foi por isso. Para sustentar a bola, ter a velocidade de ataque… Ele tentou mais do que a metade do jogo. Temos a ideia de seguir na equipe principal, vai disputar posição com os demais. Esperamos que continue nesse processo”.
Adaptação do elenco
“O processo de aprendizagem passa pela repetição e humildade de quem está recebendo a informação. Os jogadores são humildes para tentar fazer. Mas uma reação cotidiana na sua casa, quando se sente acoado, normalmente você acaba fazendo o que mais fez na carreira. Tem momentos no jogo ainda quando a cabeça não consegue pensar ainda você recorre a ações que não estamos tentando planejar no momento. O perfil do grupo, trabalhador, de querer mudar, está presente. Temos um grupo muito focado em evoluir e querer melhorar”.
Gritos homofóbicos
“Não cabe, né? Não tem mais espaço para nada desse tipo de coisa. Peguei uma geração que parecia comum fazer esse tipo de brincadeira. Mas como as coisas tomaram proporção de muita agressividade, estão reagindo com violência, não cabe mais esse tipo de coisa. Todos temos espaços, diretos e deveres da mesma maneira. Acho um absurdo. Não é porque aconteceu hoje. Não tem cabimento acontecer esse tipo de coisa. Temos pessoas com suas opções de qualquer tipo. O árbitro chamou a atenção do fato e parar um jogo tão importante pra chamar a atenção é um meio educativo. E cada vez mais coibir esse tipo de atitude”.
Fernando Diniz
“Sei que é corriqueiro falar de embate. Mas o embate é entre Corinthians e São Paulo. Não dá para personificar nos treinadores. Penso que contribuiu por ter acompanhado o trabalho dele. Sou grato a ele pelas oportunidades que me deu no Athletico. Ele sempre foi um cara muito solícito quando trabalhamos juntos. Somado ao estudo que fizemos do São Paulo com o departamento de análise. Um jogo de aproximação, posicional”.