A Polícia Civil indiciou nesta quinta-feira o jogador Juan Pablo Ramírez, do Bahia, pelo crime de injúria racial contra Gerson, do Flamengo. O atleta rubro-negro alegou ter sido chamado de negro pelo meia tricolor durante o duelo entre os dois clubes, no dia 20 de dezembro de 2020, pelo Campeonato Brasileiro. Agora, o Inquérito vai para o Ministério Público, que decidirá se apresentará denúncia.
O fato aconteceu logo após o primeiro gol do Bahia na vitória de 4 a 3 dos cariocas. Bruno Henrique, do Flamengo, fingiu dar um chute na bola, e Ramirez reclamou. Gerson, então, teria dito algo após a saída de bola. Neste instante, o jogador da equipe baiana teria falado: “Cala a boca, negro”.
Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro disse que os companheiros de equipe de Gerson afirmaram que ele ficou muito abalado com a agressão, cabisbaixo e apresentou comportamento diferente do normal no vestiário e se recusou a encontrar parte do elenco após o jogo, pois estava triste com o fato ocorrido.
Em seu depoimento, o camisa 8 do Flamengo declarou que ficou tão indignado que após o encerramento da partida, ainda no gramado, precisou desabafar a indignação durante uma entrevista. Ramirez, no entanto, negou a injúria racial e afirmou que apenas disse “joga rápido, irmão”.
“As investigações comprovam a dinâmica do fato e a versão da vítima, desde o momento em que disse ter sofrido a agressão injuriosa por preconceito até seu comportamento após o término da partida”, informou a PCERJ.
Após a decisão da Polícia, o Bahia emitiu um comunicado lamentando o indiciamento do meia colombiano. Segundo o clube, a resolução foi “absolutamente despedida de qualquer fundamentação probatória”.
“O Esporte Clube Bahia vem a público lamentar o indiciamento do meia-atacante colombiano Indio Ramírez pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, muito embora a notícia não cause surpresa, tendo em vista as manifestações públicas preliminares da delegada do caso à imprensa especializada. “Nosso jogador”. Assim ela se referiu ao volante Gerson, do Flamengo, responsável pela acusação – e que não compareceu ao depoimento perante a Justiça Desportiva -, indicando espectro de notória parcialidade. O clube teve acesso à integralidade dos depoimentos colhidos no inquérito e pode afiançar à sociedade e à torcida tricolor que a decisão foi absolutamente despida de qualquer fundamentação probatória”, escreveu a equipe.
A direção tricolor ainda salientou que, sem a apresentação de novos fatos, seguirá apoiando o seu atleta, pois tem a convicção de que não houve injúria racial.
“Em todos os momentos do episódio, o Bahia se comportou em busca da verdade dos fatos, sem desmerecer a palavra de Gerson, mas também considerando a presunção de inocência do seu atleta e a necessidade de se produzir prova robusta e incontestável. Sem a apresentação de fatos novos, conforme aguardamos por mais de um mês, a diretoria tricolor seguirá apoiando Ramírez e tem convicção de será feita Justiça, ao tempo em que reafirma a sua posição de clube expoente da luta antirracista no futebol brasileiro”, completou.