O juiz Francisco José Blanco Magdalena, da 9ª Vara Cível de Campinas, expediu sentença no último 1º de julho que pode até melar a negociação entre Corinthians, Guarani e Matheus Davó, com o risco do atleta ser obrigado a deixar o clube do Parque São Jorge.
A decisão da Justiça é de que houve “fraude” na negociação e, por isso, a transferência se torna “ineficaz”.
O problema surge de uma cobrança de R$ 35 mil feita pela empresa RDRN Participações e Empreendimentos Ltda junto ao Guarani. Inclusive, os direitos econômicos do atleta já estavam penhorados antes do Corinthians ter concluído a operação por causa desta dívida.
Matheus Davó tinha contrato com o Guarani até dezembro de 2022 com uma multa rescisória estipulada para o mercado nacional em R$ 8 milhões.
O atleta, agenciado pela Elenko Sports, empresa de Fernando Garcia, conselheiro do Corinthians e irmão de Paulo Garcia, atual candidato à presidência do clube, chegou a um acordo para se desvincular do Bugre mediante ao pagamento de R$ 700 mil.
Fora a quebra do vínculo, a quantia também significou a compra de 40% dos 60% que o Guarani tinha direito sobre o atacante.
À época, ficou estipulado que dos 20% que restaram aos campineiros, 10% custariam R$ 300 mil e outros 5% saíram por mais R$ 300 mil. Desta maneira, o Guarani ainda permaneceria com 5% .
A Fifa não permite transações financeiras entre clubes e terceiros, mas admite que jogadores sejam donos de porcentagens dos próprios direitos econômicos.
O juiz também ordenou que o caso siga sendo investigado para “apurar a existência de eventual conluio e prática de ilícitos fiscais”.
Esta conclusão remete ao fato trazido no mesmo texto de que o presidente Palmeron Mendes Filho estava afastado de seu cargo e de suas funções desde o dia 26 de agosto. Além disso, o pagamento da rescisão contratual entre Guarani e Davó foi depositado na conta da empresa Sócio Campeão GFC Serviços Administrativos Eireli.
Tais pagamentos a terceiros são proibidos pela Fifa.
A situação pode criar adversidades ao clube alvinegro porque o despacho do juiz chama atenção para o fato do Corinthians ter “assumido o risco”, “(…) uma vez que foi notificado em dezembro de 2019 acerca da penhora (…)”.
O clube da capital foi notificado e poderá se manifestar. À Gazeta Esportiva, o Corinthians enviou a seguinte nota oficial:
“Não fomos citados sobre a decisão e precisamos analisar as implicações envolvidas. A ação é contra o Guarani e o atleta se apresentou ao Corinthians livre”.
A reportagem também questionou quanto, dos direitos de Davó, o Corinthians adquiriu. E com quem foi feita esta negociação. O clube explicou, por meio da assessoria de imprensa, que prefere manter sigilo destas informações, pelo menos por ora.
Com Tiago Nunes, Matheus Davó, de 20 anos, participou de apenas dois jogos. Seu atual contrato com o Corinthians é válido até 2023.