Na última quarta-feira, o modesto UD Buñol, da quarta divisão da Espanha, venceu o UD Guia por 1 a 0 e garantiu uma histórica classificação para a primeira fase da Copa do Rei. Um dos personagens da equipe é o brasileiro João Pedro, que contou com exclusividade as reviravoltas de sua carreira no programa Mesa Redonda, da TV Gazeta.
“Nessas categorias aqui no futebol amador, a gente tem que trabalhar e não viver só do futebol. Eu estava trabalhando e a gente classificou para jogar a Copa do Rei. Fomos jogar em Gran Canária, na semana passada, e tive que pedir três dias livres no trabalho. Não me concederam e me mandaram embora. Viajei, ganhamos o jogo e estamos esperando o sorteio para ver contra quem vamos jogar”, disse o jogador.
João Pedro tem 26 anos e atua como zagueiro. O brasileiro também comentou sobre a necessidade de ter um emprego paralelo para conseguir sobreviver em Buñol, cidade próxima de Valência.
“Aqui é como se fosse a terceira e a quarta divisão do Brasil, são times que não tem um poder aquisitivo muito alto, então temos que ter um trabalho paralelo para sobreviver. Eu estava trabalhando como soldador em uma empresa de cimento, fazíamos toda a estrutura que vai por dentro do cimento para fazer as pistas”, relatou.
Apesar de ter perdido o emprego como soldador, João Pedro afirmou que ainda não está procurando outro trabalho. Segundo o zagueiro, o foco atual é a disputa da Copa do Rei.
“Ainda está em um clima de festa por um time tão humilde conquistar essa classificação na Copa do Rei. Estou focado nesse jogo, é uma oportunidade que estou buscando desde que vim para cá. Treinando bastante e esperando, mas temos que trabalhar para sobreviver aqui”, comentou.
O sorteio que definirá o futuro do UD Buñol na primeira fase da Copa do Rei acontecerá nesta segunda-feira. A modesta equipe poderá ter pela frente algumas pedreiras como Atlético de Madrid e Sevilla. Além de especular o futuro do clube no torneio, João Pedro também falou sobre sua trajetória no futebol espanhol.
“Eu estava jogando no Brasil e um grupo de empresários estava me ajudando e me prometeram algumas coisas aqui na Espanha. Me colocaram em contato com um empresário daqui e me prometeram algumas coisas. Quando cheguei, me deparei com a realidade e não era nada do prometido. Fiquei aqui três anos ilegais para conseguir o visto de residência. Sem o visto de residência, você não pode jogar em categorias superiores, só a partir da terceira divisão”, revelou.
“Meus documentos saíram agora e posso jogar nas categorias superiores. Eu vim para cá, abandonei esses empresários e passei a busca a vida sozinho. Agora, conseguimos essa classificação histórica e ter a possibilidade de jogar com esses times grades: Valencia, Atlético de Madrid, Sevilla. A cidade inteira está comovida e o clube deslumbrado com o que aconteceu”, concluiu.