Coelho enterra convicções de Carille no Corinthians e agrada a todos no clube
Dyego Coelho assumiu o Corinthians há uma semana. O clima interno era ruim, a relação com imprensa e torcedores idem, o time não vencia há oito jogos e o desempenho em campo era alvo de críticas cada vez mais pesadas.
Sete dias depois, o Corinthians voltou a vencer, empatou um clássico com o Palmeiras como visitante, o ambiente é mais leve e a postura no gramado em nada lembra os últimos meses.
Para reformar o Corinthians em tão pouco tempo, Coelho enterrou muitas das convicções de seu antecessor, Fábio Carille. O interino teve respaldo tanto da diretoria quanto do elenco para agir, e todos no clube, nesse momento, estão de acordo com a maneira do ex-lateral direito trabalhar.
De cara, Coelho se reuniu com o grupo e foi apoiado sobre o plano de fazer o Corinthians um time mais ousado, com posse de bola e imposição ofensiva. Foi o adeus à retranca. À época, Carille deixava claro que não mudaria a formação por confiança no esquema e por falta de tempo para treinar.
“O boleiro gosta da verdade. Se você tiver duas conversinhas com ele, não vai funcionar. Eu procuro falar a verdade, falar o que ele pense e o que está acontecendo hoje”, explicou Coelho, depois de apenas dois treinos, sendo que só um teve a presença dos titulares.
O segundo ato de impacto foi a coletiva de imprensa dada em Itaquera, após a vitória sobre o Fortaleza. Ao contrário do que vinha fazendo Carille, Coelho não poupou elogios ao grupo de atletas.
“Mérito agora é dos jogadores, porque eles mudaram a chavinha, eles conseguiram executar hoje (quarta passada) de uma maneira que acho que o torcedor gostou, com a bola, sem a bola, se entregaram”.
“São jogadores muito inteligentes, foi uma ideia nossa, de pressionar e sair em três zagueiros, Michel atinja a última linha, deixar o meio mais móvel para abastecer nosso 9”, completou Coelho.
Antes do Derby, o último treino teve apenas um pequeno trecho fechado à imprensa, e os jornalistas foram liberados para acompanhar a atividade de perto, não mais a dois ou três campos de distância, como ordenava Carille.
A escalação do time também refletiu uma nova visão de quem está no comando. Pedrinho deixou de ser ponta direita para jogar no meio, conforme a preferência do atleta e também como o jogador tem sido utilizado na Seleção Brasileira Sub-23.
“Pedrinho é meia, não é extremo. Não é porque em um jogo não foi bem que isso vai mudar. É um talento que a gente precisa cuidar, ele tem de ter cuidado com o que falam para ele fora do Parque São Jorge e entender que a parte ruim (marcar) faz parte. E ele vai continuar jogando pelo meio. Ele não é extremo”.
Ramiro é outro que vai disputar vaga apenas como segundo homem de meio-campo.
“Ramiro é jogador de dentro, jogo apoiado, dá sustentação para Urso fazer pelo lado. Eu optei pelo Ramiro por essa situação, e deu muito certo no primeiro tempo”.
E Boselli voltou a se sentir valorizado com a titularidade e com um time que se aproxima do centroavante.
“O Corinthians tem que fazer o que fez hoje (quarta, contra o Fortaleza) em campo. Pode até perder, mas prefiro perder jogando desta maneira, e foi o que nos disse o Coelho. Jogador gosta de ouvir a verdade e hoje vimos essa atitude em campo”, disse o argentino.
A diretoria do Corinthians entende que a transição para Tiago Nunes, técnico contratado para assumir o time em 2020, não poderia acontecer de melhor maneira. No clube, agora todos esperam que esse ‘novo Corinthians’ consiga transformar tudo isso em uma vaga à Libertadores da América do ano que vem.