O Corinthians ainda não venceu fora de casa, foi eliminado na Copa Libertadores e tem oscilado nesse início de temporada. Mas, o clássico contra o São Paulo serviu para provar que Tiago Nunes está começando a dar sua cara ao time.

Contratado para romper com uma filosofia de jogo adotada pelo clube nos últimos anos, o treinador tem sofrido com o calendário apertado. Após 40 dias de trabalho, só agora a nova comissão técnica corintiana terá sua primeira semana livre para treinos e recuperação dos atletas.

Apesar dos percalços, a postura do Corinthians no Morumbi, no último sábado, apresentou bons sinais, principalmente se a comparação for feita com o embate anterior entre Corinthians e São Paulo, também no Morumbi.

Relembre

À época comandado por Fábio Carille, o Timão foi derrotado por 1 a 0 e amplamente dominado pelo rival no duelo válido pelo Campeonato Brasileiro. Foram apenas cinco finalizações, duas no alvo, mesmo com 45% de posse de bola e 467 passes trocados.

Na ocasião, o Tricolor chutou 20 vezes contra Cássio, teve 55% de posse de bola e trocou 568 passes. Reinaldo marcou o único gol do confronto.

Mudança radical

Agora com Tiago Nunes, mesmo com menos de três dias para se recuperar de uma decisão de Libertadores em que teve de jogar com um homem a menos desde os 28 minutos do primeiro tempo, o Corinthians conseguiu encarar o São Paulo frente a 44 mil torcedores.

Foram 11 finalizações, sendo que as duas oportunidades mais claras do jogo acabaram desperdiçadas por Boselli. E dos 11 chutes saíram duas grandes defesas de Tiago Volpi.

O Corinthians também conseguiu ficar mais com a bola, 51% do tempo, e trocou 427 passes. Foram menos passes, mais posse de bola e mais chutes ao gol em comparação com a equipe de Carille, ou seja, um time muito mais incisivo e perigoso ao adversário.

A questão é que essa postura também permitiu ao São Paulo jogar e agredir. No último sábado, o time de Fernando Diniz chutou 21 bolas ao gol, acertou cinco no alvo, também obrigou Cássio a brilhar, e trocou 408 passes nos 49% que teve de posse de bola.

Aviso para os imediatistas

No Morumbi, Cássio chegou a falar sobre o que vem sendo desenvolvido em 2020 no clube. E Tiago Nunes deixou claro que vai precisar de tempo e paciência para os erros, que segundo o técnico, vão acontecer em função das circunstâncias: troca de filosofia, de elenco e pouco tempo para treinar.

O próximo desafio está marcado para sábado, de novo longe de Itaquera, dessa vez em Diadema, contra o Água Santa. Tiago Nunes pôde dar dois dias de folga ao grupo e terá até sexta-feira para fazer os ajustes necessários.

“É um desafio que possa implementar essa maneira de jogar (marcação alta). Temos jogadores para fazer esse tipo de jogo. Mas é uma cultura enraizada e precisamos de tempo, de número de jogos para ir mudando e repetindo. Você precisa jogar e errar muitas vezes para mudar a cultura. E mudar as características de alguns jogadores. A gente joga com dois volantes técnicos, competitivos, com e sem a bola, mas dão ênfase à qualidade de jogo. Expõe mais o Gil para jogar e tem feito ações bacanas. O Cássio tem jogado pressionado. Vão acontecer erros e precisamos suportar as críticas por essa mudança de cultura”, avisou Tiago Nunes, responsável a dar uma nova cara ao Corinthians.