Há 10 dias, o Conselho Fiscal do Corinthians sugeriu a reprovação das contas apresentadas pela atual gestão do clube sobre 2019. O parecer assinado pelo conselheiro Haroldo José Dantas da Silva, presidente do CF, e o qual a reportagem teve acesso, também colocou em dúvida os números expostos no balancete.
Segundo o órgão, duas dívidas não foram inseridas no documento com valores corretos, uma junto a empresa JMalucelli, que remete a quantia de R$ 17,956 milhões, e outra em relação ao fisioterapeuta Julio Suman Neto, de R$ 2,2 milhões.
Portanto, o Conselho Fiscal do Corinthians recomenda não só a reprovação das contas como também a correção do déficit de R$ 177 milhões, o que já é um recorde, para R$ 195,4 milhões.
O parecer foi enviado ao Conselho de Orientação (CORI) e ao Conselho Deliberativo.
Como a manifestação do Conselho Fiscal corintiano se dá em um ano eleitoral, a Gazeta Esportiva procurou todos os candidatos à presidência para que cada um pudesse se posicionar sobre o tema.
O que pensa Mário Gobbi
A assessoria de imprensa da chapa Reconstrução comunicou que Mário Gobbi é a favor da reprovação das contas e, inclusive, indicou uma live recente em que o ex-presidente lamenta, mas admite que votará neste sentido.
O que pensa Paulo Garcia
Paulo Garcia, o primeiro a lançar candidatura, em contato telefônico, afirmou o seguinte:
“Tenho determinada dúvida. Não sei se reprovar atrapalha o próximo presidente ou se aprovar é que, de fato, vai atrapalhar. Ainda vou estudar isso, mas o pessoal está liberado para votar em quem eles quiserem. Deixei cada um deles tranquilos para um voto consciente. Quero examinar melhor”.
O que pensa Augusto Melo
Augusto Melo, candidato pela chapa Corinthians Mais Forte, também se mostrou receoso quanto as consequências que uma eventual reprovação pode causar ao próximo mandatário e enviou nota oficial por meio de sua assessoria:
“Nossas equipes das áreas administrativa, financeira e jurídica têm pensado com cautela sobre a questão da aprovação das contas. Tenho acompanhado de perto a situação dos débitos do clube. Porém, a responsabilidade dessa aprovação cabe aos conselheiros, que foram democraticamente eleitos, e os vitalícios, que tem a atribuição de fiscalizar o bom andamento da administração do clube, cuja a posição deve ser respeitada. Como já fui conselheiro por dois mandatos, entendo que a opinião de um candidato pode interferir, de certa forma, na decisão, seja ela qual for, que ao meu ver deve ser técnica e não ganhar um caráter eleitoral. É preciso pensar na gestão do Corinthians para os próximos anos”.
O que pensa a Situação
O grupo Renovação e Transparência, liderado pelo atual presidente Andrés Sanchez, ainda não se pronunciou oficialmente sobre as próximas eleições. Por ora, não se sabe nem se o grupo lançará candidato, apesar da preferência interna por Duílio Monteiro Alves, que ocupa o cargo de diretor de futebol neste momento.
Votação ainda sem data
Há um mês, o presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Antônio Goulart, afirmou à Gazeta Esportiva que a próxima reunião do órgão terá a votação do balancete de 2019 como pauta principal.
O encontro era para ter acontecido em abril, mas foi adiado devido a pandemia do coronavírus.
Goulart, na ocasião, refutou se utilizar da internet e garantiu que a reunião acontecerá na primeira semana tão logo o governo libere reuniões presenciais. Ao todo, serão 322 conselheiros com direito a voto e a expectativa é para que todos se reúnam em agosto.
O Cori (Conselho de Orientação), que costuma influenciar diretamente nas decisões finais da casa, segue em silêncio, e por um motivo especial.
“Não há a necessidade de eles emitirem o parecer agora. Um ou dois dias antes da reunião do Conselho Deliberativo, isso vai acontecer. Divulgar agora é jogar uma pressão em cima do Conselho Deliberativo desnecessária”, declarou Goulart à época.
As eleições no Corinthians estão marcadas para 28 de novembro e vão definir, além dos novos conselheiros, o presidente do clube para o próximo triênio.