A eliminação do Boca Juniors nas oitavas de final Libertadores segue gerando polêmica. Nesta segunda-feira, o Atlético-MG emitiu uma nota lamentando a confusão nos vestiários do Mineirão e revelando que o presidente Sérgio Coelho pagou a fiança dos argentinos detidos pela Polícia Militar.
No comunicado, o Galo reitera que os acontecimentos foram provocados exclusivamente pelos jogadores e membros da comissão técnica do Boca e exige “severa punição aos infratores”.
“Não se admite que em uma competição de alto nível como a Copa Conmebol Libertadores haja espaço para esse tipo de comportamento e conduta antidesportiva, razão pela qual o Clube Atlético Mineiro exige da Conmebol severa punição aos infratores”, escreveu o Alvinegro.
Apesar disso, o clube mineiro decidiu, “pelo princípio da cordialidade que rege o ambiente esportivo”, dar apoio aos argentinos, inclusive intercedendo perante as autoridades policiais brasileiras.
O presidente do Atlético, Sérgio Coelho, participou pessoalmente das negociações e pagou, do próprio bolso, a fiança exigida pela Polícia Civil de Minas Gerais, já que a delegação do Boca não tinha dinheiro em espécie e em moeda nacional.
Ao todo, o mandatário desembolsou R$ 6 mil. Até o momento, ele ainda não foi ressarcido, mas os dirigentes xeneizes se comprometeram a pagar.
Errata: diferentemente do que foi divulgado hoje, o clube argentino ainda não ressarciu o presidente Sérgio Coelho do valor de 6 mil reais pago a título de fiança, para liberação dos membros da delegação argentina. Os dirigentes do Boca, no entanto, se comprometeram a fazê-lo.
— Atlético ? (@Atletico) July 21, 2021
Confira a nota do Atlético-MG na íntegra:
Sobre os graves acontecimentos protagonizados pela equipe do Boca Juniors, na noite de ontem, 20 de julho, no Mineirão, o Clube Atlético Mineiro informa e esclarece que:
1 – As cenas de violência amplamente divulgadas pela mídia evidenciam, de forma inequívoca, que toda a confusão foi provocada pelos jogadores e membros do staff do clube argentino, conforme o BO registrado pela polícia e a cronologia dos fatos, que segue abaixo desta nota;
2 – Não se admite que em uma competição de alto nível como a Copa Conmebol Libertadores haja espaço para esse tipo de comportamento e conduta antidesportiva, razão pela qual o Clube Atlético Mineiro exige da Conmebol severa punição aos infratores;
3 – O Clube Atlético Mineiro reitera de forma enfática que não teve qualquer responsabilidade pelos incidentes ocorridos, mas que, ainda assim, pelo princípio da cordialidade que rege o ambiente esportivo, deu todo o apoio possível ao clube argentino, inclusive intercedendo perante as autoridades policiais brasileiras. O presidente do Clube Atlético Mineiro, Sérgio Coelho, participou pessoalmente destas negociações e pagou, do próprio bolso, a fiança exigida ao clube argentino, pela Polícia Civil de Minas Gerais, já que a delegação do Boca Jrs não tinha dinheiro em espécie e em moeda nacional (o valor foi, logo em seguida, ressarcido pelo time argentino);
4 – O estádio Mineirão, que já foi palco de grandes momentos em competições organizadas pela Conmebol, inclusive a decisão da Libertadores de 2013, é absolutamente seguro e adequado para realização de partidas como a ocorrida, e que jamais teve registro de episódios semelhantes aos protagonizados pela equipe argentina;
5 – O Clube Atlético Mineiro espera que episódios como os registrados se tornem, cada vez mais, fatos isolados no mundo do futebol, para que a paz e o respeito sejam os senhores da razão;
6 – Por fim, destaca-se que a despeito da péssima forma como a equipe mineira fora recebida no jogo de ida, e da lamentável conduta que teve a delegação do Boca Jrs em nossa casa, na segunda partida, o Atlético Mineiro não deixou de prestar todo o apoio que se fez necessário.
CRONOLOGIA DOS FATOS:
1 – Após o jogo, os atletas das duas equipes desceram o túnel e foram para seus respectivos vestiários, como de praxe. Poucos minutos depois, jogadores e comissão técnica da equipe argentina saíram do local e, em bloco, partiram em direção ao vestiário dos árbitros.
2- Seguranças do Galo e do Mineirão tentaram, sem sucesso, contê-los. No caminho, atacaram todos que se encontravam pela frente, arremessando gradis, extintores, bebedouros, barras de ferro (em forma de punhal) e outros objetos que estavam ao seu alcance;
3 – Subitamente, sem lograr êxito na tentativa de buscar os árbitros, os argentinos decidiram invadir o vestiário do Galo, que era protegido, naquele momento, somente por um segurança. Para proteger a integridade física dos atletas e da comissão técnica da equipe mineira, até o presidente Sérgio Coelho se posicionou para tentar impedir a entrada dos argentinos, exercendo o direito de legítima defesa;
4 – A contenção só foi possível após a chegada da Polícia Militar, que teve de usar gás de pimenta para dispersar os agressores. O saldo foi de pessoas feridas, felizmente sem maior gravidade;
5 – A PM deu voz de prisão a alguns jogadores e membros da comissão técnica do Boca;
6 – Passado o momento de maior tensão, o chefe de segurança do Boca Jrs procurou pessoalmente o presidente e a diretoria atleticana para se desculpar pelo ocorrido e esclarecer que o objetivo era chegar ao vestiário da arbitragem, conforme registrado em vídeo amplamente divulgado;
7 – Diante da gravidade dos fatos e das consequências impostas pela Polícia Militar, dirigentes do Boca procuraram o presidente do Atlético para se desculpar pelo ocorrido e para pedir-lhe apoio, no que foram prontamente atendidos;
8 – O presidente atleticano solicitou aos diretores de administrativo e jurídico que acompanhassem a delegação argentina e lhes desse total guarida;
9 – Às 4h30 da manhã, os dois diretores do Galo ligaram para o presidente Sérgio Coelho, solicitando-lhe que conseguisse 6 mil reais em espécie para que fossem pagas as fianças, junto à Polícia Civil mineira. Prontamente, o presidente enviou os recursos necessários, do próprio bolso.