Medalha de ouro na maratona aquática nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Ana Marcela Cunha concedeu entrevista coletiva na manhã deste sábado, no CT do Time Brasil, no Rio de Janeiro. Primeira brasileira a ser campeã na prova em uma Olimpíada, a nadadora falou da sua trajetória e definiu a conquista como fruto de muita “persistência”.

Aos 29 anos, Ana Marcela é dona de 11 medalhas em campeonatos mundiais, mas ainda não tinha subido no pódio em Olimpíadas. Nos Jogos de Pequim, em 2008, a baiana terminou em quinto lugar. Já no Rio de Janeiro, em 2016, ficou na 10ª colocação.

“Em 2008 eu tinha pouquíssima experiência, era uma adolescente chegando ao parque de diversões. Faltou preparo para o que eu iria encontrar. Em 2016 eu era cotada para a medalha, mas tudo que aconteceu durante a prova poderia ter acontecido em Tóquio também. Acho que a maior diferença que vivi ao longo desses anos foi a maturidade que construí, a confiança no trabalho. A pandemia fez a gente ganhar um ano, soubemos nos adaptar a isso, acreditei no trabalho e no planejamento. A convicção e a segurança que tinha antes da prova tem tudo a ver com o que a gente trabalhou para eu chegar lá e fazer o meu melhor”, destacou.

A brasileira concluiu a prova em 1h59min30s8. Se mantendo entre as primeiras colocadas durante todo o percurso, Ana Marcela apostou em um ritmo forte na reta final para abrir vantagem e ficar com o ouro olímpico.

“A vida do atleta é feita de persistência. Todo mundo sempre passa por altos e baixos, perdemos para vencer depois. Essa é a nossa vida. Precisamos aprender com isso, ser resilientes, continuar acreditando que é possível. E foi isso que eu fiz ao longo dos anos. Sempre acreditei, nunca deixei de persistir, o resultado uma hora tinha que vir”, afirmou,

Técnico de Ana Marcela, Fernando Possenti também falou sobre o ouro inédito na maratona aquática, que coroou uma parceria de mais de sete anos.

“Existe um ineditismo dessa medalha nos esportes aquáticos, a conquista de uma nadadora brasileira, treinada por um brasileiro, com um Centro de Treinamento no Brasil. Não precisamos sair do nosso país, tivemos tudo à disposição aqui mesmo, num CT que é legado do Pan do Rio, dos Jogos de 2016 e, com o que nos proporcionaram, chegamos em uma medalha olímpica 100% nacional. Na linguagem do futebol, nos consideramos ‘prata da casa’. Ou melhor, ‘ouro da casa’. Isso dá muito orgulho”, exaltou.