A prática do fisiculturismo exige dedicação, treinamento, acompanhamento profissional e muita força de vontade. Apesar de atualmente o esporte ter mais visibilidade, nem sempre foi assim. Há 25 anos, uma curitibana se dedica ao esporte e acumula troféus dos campeonatos que participa. Larissa Cunha já conquistou duas vezes o campeonato mundial e recentemente foi eleita Miss Universo do Fisiculturismo.

Durante esta caminhada, a atleta de Curitiba superou muitos obstáculos e colaborou para que o fisiculturismo se expandisse entre as mulheres no Brasil. Sem referências no início, atualmente Larissa fala com orgulho que é motivo de inspiração para outros atletas.

Nos 25 anos de fisiculturismo, Larissa Cunha ganhou dois campeonatos mundiais (FOTO: REPRODUÇÃO)

Fisiculturismo: Sonho de criança

É comum entre crianças os sonhos mais diversos e curiosos. Para uma curitibana, seu maior sonho teve início em uma recepção de academia, enquanto aguardava a mãe fazer atividades física, lá em 1989. Inquieta e curiosa, a pequena Larissa pegou uma revista para passar o tempo e logo se encantou com o que viu. 

“Aos 13 anos, eu ia a academia acompanhar a minha mãe, mas naquela época apenas os homens faziam musculação. As mulheres faziam ginástica localizada, aeróbica de competição. Enquanto minha mãe se exercitava, eu ficava na recepção e um dia eu comecei a folhear uma revista. Olhei aqueles corpos musculosos e achei maravilhoso, então olhei para minha mãe e disse ‘Mãe, eu quero ser musculosa’”, relata Larissa Cunha.

Como tantos outros, poderia parecer apenas um sonho, porém, Larissa cresceu com as imagens da revista na cabeça e se imaginando no lugar daqueles atletas. Entretanto, se hoje este sonho pode não parecer muito estranho, no início da década de 1990 o cenário desta área era muito diferente.

Para começar, Larissa não contava com nenhuma mulher como referência do esporte no Brasil, todas as suas grandes ídolas eram do exterior. Além do preconceito contra o sexo feminino puxando ferro em academias, a questão da suplementação alimentar era muito diferente, os produtos não eram acessíveis como hoje.

“A gente tinha acesso a alguns importados que eram caríssimos. A gente comprava albumina em venda a granel, hoje é completamente diferente. A suplementação está a disposição, o cenário está totalmente diferente”, comenta Larissa.

Derrubando preconceito, adquirindo conhecimento e levantando troféus

Com 17 anos, contrariando os desejos da mãe, Larissa Cunha iniciou a faculdade de Educação Física. Logo nos primeiros dias de aula, a jovem chamou o professor e revelou “Eu quero ser fisiculturista”. Claro que o desejo da menina surpreendeu o docente, que após muita insistência, entrou em contato com a mãe da garota para iniciar um trabalho especial.

Com o apoio do professor acadêmico e da mãe, Larissa começou uma paixão pelo esporte. Logo entraram em contato com profissionais da área de nutrição e o sonho da menina teve início na prática. “Sempre que a gente queria alguma coisa, minha mãe dava um jeito de fazer. Incentivadora, ela achou uma personal trainer e uma nutricionista, junto com meu professor”, relembra Larissa.

Larissa atualmente trabalha na área de estética e nutrição (FOTO: RICMAIS)

Aos 21 anos Larissa Cunha subiu a um palco de uma competição de  fisiculturismo pela primeira vez. Bastante ansiosa, a jovem teve a certeza que estava vivendo um sonho e que aquilo era o que gostaria para a vida. Com mais experiência vieram os primeiros títulos e 10 anos depois a primeira conquista nacional. Sem limites para as vitórias, a atleta conquistou a América do Sul e por duas vezes foi campeã mundial.

“Eu fui fazendo o esporte acontecer no Brasil. Até essa variedade de modalidades a categoria bikini, Welness, Figure, são categorias que várias pessoas podem ser atletas mesmo que não tenham uma quantidade grande de músculos. E muitos atletas se inspiraram em mim para começar, isso me deixa muito feliz”, constata Larissa.

Além de esforço na academia, a curitibana se dedicou ao conhecimento. Atualmente, com 43 anos, Larissa está em sua quarta graduação e acumula cursos de especialização. Proprietária de uma academia em Curitiba, o foco principal do trabalho da atleta agora é a estética. 

Reconhecimento – Troféu Larissa Cunha

Apesar de acumular mais de 25 anos de história no fisiculturismo, Larissa ainda não sabe quando se aposentará dos palcos. Entretanto, uma coisa a curitibana tem certeza, jamais deixará os treinos. “Eu amo musculação, um dia vou parar de competir, mas de treinar acho que nunca”, conta.

Um dos motivos para Larissa não deixar os palcos está em uma homenagem da Confederação Brasileira de Musculação, Fisiculturismo e Fitness – IFBB Brasil. Neste ano foi criado o Troféu Larissa Cunha, o primeiro campeonato nacional de fisiculturismo com nome de uma mulher.

Troféu Larissa Cunha (FOTO: RICMAIS)

“Nunca imaginei que o fisiculturismo tivesse uma ascensão tão grande igual agora. É uma honra, não tenho nem como descrever. Chegar lá e ver os atletas te esperando. E ainda por ser o primeiro campeonato com nome de mulher”, comenta a atleta.

Em 2020, na segunda edição do Troféu Larissa Cunha, a curitibana estará no palco competindo. Ao lado do parceiro Wagner Santos, a atleta competirá na categoria duplas. Para buscar o título, Larissa já está em preparação e acompanha também os treinamentos do companheiro de palco.

Títulos de Larissa Cunha

• 5 Campeonatos Paranaenses
• 1 Campeonato Paulista
• 3 Campeonatos Brasileiros
• 1 Campeonato Sul-Americano
• 2 Campeonatos Mundiais
• 1 Miss Universo de Fisiculturismo

(FOTO: REPRODUÇÃO/ INSTAGRAM)