Com apenas cinco minutos de bola rolando na Neo Química Arena, a partida entre Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, foi paralisada por agentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Os profissionais entraram em campo para impedir que jogadores argentinos que descumpriram o protocolo de quarentena antes de entrarem no país atuassem.
Cristian Romero e Lo Celso, do Tottenham, e Emiliano Martínez e Buendía, do Aston Villa, não realizaram a quarentena obrigatória de 14 dias antes de desembarcarem no país. Os três primeiros, inclusive, foram escalados como titulares para a partida deste domingo.
Agentes da Anvisa entram em campo, interrompendo a partida. Um deles é empurrado por um jogador da Argentina, e o tempo fecha. pic.twitter.com/dqvYlza3zL
— Marcelo Baseggio (@celobaseggio) September 5, 2021
Quando os agentes da Anvisa surgiram no campo e paralisaram a partida, os jogadores da seleção argentina deixaram o gramado do estádio do Corinthians. Enquanto os fiscais da agência de vigilância conversavam com membros da delegação brasileira, parte dos convidados presentes na Arena gritaram “vergonha” na arquibancada.
Em entrevista à Rede Globo, Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, explicou detalhadamente o processo seguido pela agência. De acordo com ele, os argentinos descumpriram uma série de regramentos.
“Tudo aquilo que a Anvisa orientou, desde o primeiro momento, não foi cumprido. Quando a situação foi identificada, esses jogadores tiveram a orientação de permanecerem isolados para serem deportados. Esse isolamento poderia ter sido feito até mesmo no hotel. Entretanto, eles se deslocam até o estádio e entram em campo, há uma sequência de descumprimentos”, disse o diretor-presidente.
“Nós temos uma interlocução muito boa com a Polícia Federal, então nós demos ciência a eles logo de manhã, e que seria necessário verificar o cumprimento do regramento sanitário, já que o anterior, de falar a verdade na declaração de saúde do viajante, foi descumprido. Então, acionamos a Polícia Federal, que se deslocou até o hotel. Lá, constatamos que a equipe completa já tinha se deslocado para o estádio”, completou.
Veja o comunicado da Anvisa sobre o caso:
Em virtude das informações de que quatro jogadores argentinos ingressaram no Brasil descumprindo as regras sanitárias do país, ao supostamente declararem, em formulário oficial da autoridade sanitária brasileira, informações falsas, a Anvisa se reuniu com representantes do Ministério da Saúde e com a Coordenação de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo neste sábado (4/9).
Após reunião com as autoridades de saúde, confirmou-se, após consulta dos passaportes dos quatro jogadores envolvidos, que os atletas descumpriram regra para entrada de viajantes em solo brasileiro, prevista na Portaria Interministerial 655, de 2021, a qual prevê que viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, pelo Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia estão impedidos de ingressar no Brasil.
Os jogadores em questão declararam não ter passagem por nenhum dos quatro países com restrições nos últimos 14 dias. Os viajantes chegaram ao Brasil em voo de Caracas/Venezuela com destino a Guarulhos. Contudo, notícias não oficiais chegaram à Anvisa dando conta de supostas declarações falsas prestadas por tais viajantes.
Ante a notícia, a Agência notificou de imediato o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs/MS), que coordena a rede Cievs, responsável pela investigação epidemiológica junto ao estado de São Paulo e ao município de Guarulhos, para que o caso fosse investigado e rastreado.
Diante da confirmação de que as informações prestadas pelos viajantes eram falsas, a Anvisa esclarece que já comunicou o fato à Polícia Federal, a fim de que as providências no âmbito da autoridade policial sejam adotadas imediatamente.
Há notório descumprimento da Portaria Interministerial 655/2021 e das normas de controle imigratório brasileiro.
A Anvisa considera a situação como sendo de risco sanitário grave, e por isso orientou as autoridades de saúde locais a determinarem a imediata quarentena dos jogadores, que estão impedidos de participar de qualquer atividade e devem ser impedidos de permanecer em território brasileiro, nos termos do art. 11 da Lei Federal 6.437/1977.