A primeira vitória de Charles Leclerc na Fórmula 1 bem que poderia ter vindo em um momento mais propício para comemorações. O clima após a bandeirada no GP da Bélgica para o monegasco de 21 anos neste domingo, no entanto, era de comemoração das mais contidas. Tudo devido à perda de um antigo amigo no mundo do automobilismo, o francês Anthoine Hubert, morto em acidente no sábado, em prova da Fórmula 2, no mesmo circuito de Spa-Francorchamps.
“Por um lado é um sonho que tinha desde criança sendo realizado, mas por outro tem sido um fim de semana difícil. Cresci com Anthoine e quero dedicar essa vitória a ele”, afirmou o piloto da Ferrari.
O discurso de Leclerc era condizente com o ambiente em Spa-Francorchamps antes e depois da prova deste domingo. No pódio, ninguém, nem ele, nem o inglês Lewis Hamilton, tampouco o finlandês Valtteri Bottas, segundo e terceiro colocados, respectivamente, se atreveu a cumprir com o ritual da abertura da champagne.
No carro vermelho do monegasco, pipocavam diversas manifestações gráficas, como o “#19 Racing for Anthoine” no flanco de seu monoposto e o “RIP Tonio” no volante. Antes da prova, houve um minuto de silêncio, com os pilotos reunidos em um semicírculo diante do capacete de Hubert, na linha de largada.
“É uma grande lástima o que aconteceu ontem (sábado), de modo que não posso realmente celebrar a minha primeira vitória; ainda que esteja claro que será uma recordação que guardarei para sempre”, disse Leclerc, explicando seu grau de relação com o francês. “Crescemos juntos. Minha primeira corrida foi com Anthoine, onde também estavam Esteban (Ocon) e Pierre (Gasly)”, recordou o primeiro monegasco a vencer uma prova de Fórmula 1.
Sobre o desempenho deste domingo, Leclerc comentou que teve de lutar, no final, contra o desgaste dos pneus e o agressividade de Hamilton, da Mercedes, na luta pelo primeiro lugar. “Foi uma corrida muito difícil”, disse. “O final definitivamente não foi fácil. (Lewis) Estava chegando muito rapidamente, então tive um pouco de pressão, mas fico feliz por tê-lo mantido trás”.
A Ferrari não vencia um GP desde outubro do ano passado, quando o finlandês Kimi Raikkonen faturou a prova dos Estados Unidos. Já o alemão Sebastian Vettel, atual parceiro de equipe de Leclerc e quarto lugar no GP deste domingo na Bélgica, não sobe ao lugar mais alto do pódio há 21 corridas e viu a sua distância para o atual líder deste ano, Hamilton, aumentar para 99 pontos. “Pela equipe, estou feliz, mas obviamente não por mim”, declarou um visivelmente contrariado Vettel ao canal Sky Sports.