Cássio tem contrato com o Corinthians até o fim de 2022, mas deve renovar seu vínculo até o fim da temporada de 2024, como o próprio goleiro admitiu nesta quarta-feira, em entrevista coletiva.
“Fico muito feliz, está bem encaminhado, sim, a minha renovação”.
Mas, nunca uma continuidade do camisa 12, hoje com 34 anos, foi tão questionada e debatida entre corintianos. A fase não é das melhores, e Cássio se mostrou consciente dessa situação, mas também pediu ponderações.
“Lógico que pode-se falar de gols que eu tomei, o ano é longo, vão falar de gols que eu poderia ter defendido, mas também temos de ser coerentes e falar que no Brasileiro estamos entre as melhores defesas, eu sou o segundo goleiro que mais defendeu bola no Brasileiro”.
“Cada vez mais a gente vê redes sociais e você fica refém, às vezes a gente não pode dar opinião. ‘Ah, mas você contrariou a torcida’. Tá, mas por que uma pessoa que está do outro lado pode dar opinião e eu não posso dar opinião? Eu entendo a crítica, respeito, concordo que alguns gols eu poderia ter defendido, mas o engraçado é que com o Cássio o cara não pode acertar um belo chute. Nos outros pode e é golaço, mas no Cássio é falha do Cássio. Acho assim, como todo respeito, muitas pessoas da imprensa não têm coerência”.
Cássio chegou a reconhecer, durante a entrevista, que “pode ser” por falta de concentração que ele tenha tomado alguns gols neste ano. Entretanto, fez questão de se defender de dúvidas que possam pairar sobre seu condicionamento físico.
“cara, você pode me cobrar pelo fato de eu tomar gol, mas por dedicação, por empenho a esse clube, cara, aí é outro assunto. Não estou aqui para fazer média com torcida, não estou aqui para fazer média com ninguém, respeito muito a torcida do Corinthians, inúmeras vezes eu falei o quanto a gente estava sentindo falta da torcida, se pegar os números em casa, são absurdos, mas falta de empenho, dedicação, forma física, eu, em 2016, assumi que eu estava mal fisicamente, mas esse tipo de crítica eu discordo”.
Cássio, que reforçou a ideia de jogar até os 40 anos, aproveitou o momento para projetar a temporada de 2022. E, para o capitão corintiano, tudo pode ser muito diferente no próximo ano. A expectativa é por títulos, inclusive na Copa Libertadores da América.
“É um título que queremos ganhar, lembro em 2012, quando ganhamos, e creio que a gente entre forte para essa disputa da Libertadores”.
Leia outros trechos da entrevista coletiva de Cássio:
Auto-avaliação de 2021
“Sobre o ano, acho que o ano do Corinthians é um ano de reconstrução, de chegada de jogadores, do Sylvinho, tivemos um primeiro semestre com altos e baixos, eliminações, óbvio que dois anos sem ganhar títulos a pressão vai aumentando, porque time grande não pode ficar muito tempo ganhar títulos”.
“Lógico que pode-se falar de gols que eu tomei, o ano é longo, vão falar de gols que eu poderia ter defendido, mas também temos de ser coerentes e falar que no Brasileiro estamos entre as melhores defesas, eu sou o segundo goleiro que mais defendeu bola no Brasileiro, então, o Corinthians, antes de começar o Brasileiro, quase ninguém falava que íamos brigar (por Libertadores), que íamos brigar na na parte de baixo na tabela. Muito se fala ‘ah, mas chegaram reforços’. Verdade, mas não podemos tirar o mérito do trabalho Sylvinho, já vi grandes clubes, com grandes jogadores, não conseguir fazer bons trabalhos, então, temos de valorizar a diretoria, por acreditar no Sylvinho, chegaram reforços, mas o trabalho foi bem feito. Não estou aqui para dar desculpa, mas temos de sempre evoluir, melhorar, para ano que vem tenho perspectiva boa, de título, amadurecendo, ano que vem a pressão já vai ser para buscar títulos, para estar entre os primeiros”.
Renovação de contrato até 2024
“Sobre as críticas, a gente joga num esporte, cada vez mais a gente vê redes sociais e você fica refém, às vezes a gente não pode dar opinião. ‘Ah, mas você contrariou a torcida’. Tá, mas por que uma pessoa que está do outro lado pode dar opinião e eu não posso dar opinião? Eu entendo a crítica, respeito, concordo que alguns gols eu poderia ter defendido, mas o engraçado é que com o Cássio o cara não pode acertar um belo chute. Nos outros pode e é golaço, mas no Cássio é falha do Cássio. Acho assim, como todo respeito, muitas pessoas da imprensa não têm coerência. Vocês têm todo direito de ter opinião, mas, engraçado, quando o Cássio erra, por que não fala que o Cássio é um dos que mais defendeu bola no Brasileiro, que o Corinthians tem uma das melhores defesas, que muita gente achava que o Corinthians ia brigar para não cair e o Corinthians está em quarto lugar? Não estou discordando, cara um tem o direito de ter a sua opinião, eu sei onde eu quero chegar, tudo que eu batalhei, não sou um cara acomodado, não sou um cara de fugir de perguntas, sempre tento ser o mais honesto possível, e eu tenho que focar no meu trabalho, continuar trabalhando, e ajudar o Corinthians a estar entre os primeiros, como conseguiu no Brasileiro, mas ano que vem estra entre os primeiros e buscar títulos”.
Falta de concentração em gols tomados
“Pode ser, não vou discordar de ti, porque o goleiro às vezes é um detalhezinho que faz a diferença entre você defender ou tomar gol, e respondo numa boa, não sou um cara de ficar irritado, todo mundo tem opinião, de imaginar. Agora, o fato de eu estar fora de forma… cara, você pode me cobrar pelo fato de eu tomar gol, mas por dedicação, por empenho a esse clube, cara, aí é outro assunto. Não estou aqui para fazer média com torcida, não estou aqui para fazer média com ninguém, respeito muito a torcida do Corinthians, inúmeras vezes eu falei o quanto a gente estava sentindo falta da torcida, se pegar os números em casa, são absurdos, mas falta de empenho, dedicação, forma física, eu, em 2016, assumi que eu estava mal fisicamente, mas esse tipo de crítica eu discordo, mas qualquer outra situação, vocês todo direito de me perguntar”.
Críticas a Sylvinho
“Eu, honestamente, acho que às vezes passa do ponto. Vou voltar a falar, já vi muitos torcedor na internet falta 35 pontos pra não ser rebaixado, vamos contar os pontos para não cair. O time não conseguia uma vaga direta à Liberadores há dois ou três anos, acho que tem muito trabalho do Sylvinho, temos muito a evoluir, oscilamos como outras equipes, fora o Atlético, que foi regular o campeonato todo, mas eu acho um pouco exagerado, sim. O cara chega cedo, está sempre tentando ajudar, melhorar, é um cara que cobra muito a gente, não faz diferença por ser mais novo ou mais velho, e mesmo com a chegada de reforços, outros grandes times tiveram reforços e não conseguiram dar resposta que o Corinthians deu”.
Dívida do clube e mala branca
“É difícil até falar sobre isso, a gente é funcionário, atleta, sobre mala branca, não estou sabendo, estou mais preocupado com nosso desempenho, em terminar bem o Brasileiro, fazer um grande jogo”.
“Sobre o que o Corinthians me deve ou não me deve, isso é uma coisa particular minha, não gosto de entrar em detalhes, aqui não é o lugar”.
Supervalorização de vaga à Libertadores
“Acho que quando você quer dar um resposta, aí que não acontece. Nós sempre acreditávamos que poderíamos dar algo mais, antes mesmo de chegar os jogadores, até porque já peguei elencos menos qualificados que fizeram grandes campanhas. Acho que tem de valorizar, sim. Acho que da mesma maneira que tem crítica e elogio, tem que valorizar também, e não é para dar uma resposta à torcida, ou para vocês vocês. Não, não é nesse sentido, não. É para valorizar o que tem sido feito. E, com todo respeito, acho que esse quarteto que o Corinthians contratou, da maneira que foi feito, não sei se o Corinthians vai conseguir contratar novamente quatro jogadores de nível de Seleção como fez agora. Eu entendo, mas a gente não pode deixar de valorizar o que está sendo feito de positivo. Eu vejo o Corinthians voltando a ser um dos clubes… Falava-se que não ser mais respeitado em casa, principalmente quando voltou a torcida, voltou a ser temido em casa, contra todos os times, não é supervalorizar o que a gente fez, mas acho que tem de ser falado isso, acho que foi um grande campeonato estar em quarto, conseguir a vaga à Copa Libertadores, é um título que queremos ganhar, lembro em 2012, quando ganhou, e creio que a gente entra forte para essa disputa da Libertadores. Então, assim, como há crítica, quando tem as coisas positivas tem de valorizar também esse tipo de situação, tem de ser coerente nesse tipo de situação”.
Perspectiva
“O Atlético fez um campeonato acima da média, como a gente fez em 2015, como outras equipes fizeram em outros. O campeonato são 20 equipes, não posso balizar por um jogo, não posso ver um jogo só como parâmetro, eu estou muito confiante para a próxima temporada, a gente vem direto em duas temporadas, tem um desgaste, ano passado não tão bom, esse ano melhor, ano de reformulação, pode ser que cheguem novos jogadores, mas vejo o futuro do Corinthians como uma perspectiva muito boa. Ano que vem a cobrança vai ser por títulos, sim, mas vejo perspectiva de evolução, confesso que saio contente com a gente chegado à Libertadores, mas dá pra evoluir, dá, sim, para brigar com equipes de primeiro escalação, se tu for pegar o investimento que o Atlético fez, o Flamengo quanto tempo junto. Ano que vem, sim, de todas as partes, a cobrança vai ser por títulos”.
Ciclos de ídolos
“Não vejo mal. Se for olhar todos os anos, nem todos que foram vitoriosos, nenhum foi o melhor de todas temporadas, não foi campeão todos os anos, fico de boa quanto às críticas, tento ter a mesma postura, não me empolgo quando ficam me elogiando e não tenho de desanimar quando sou criticado. Temos de ter uma linha, tanto no futebol, como em qualquer outro trabalho, você vai receber críticas, vai ser elogiado, você tem de manter o foco. Tenho muito coisa para ganhar no Corinthians, penso em títulos, quero ajudar o Corinthians a ser vencedor, não penso em metas, em passar fulano, não, minha meta é ajudar o Corinthians a ser campeão. Minha meta pessoal é jogar até os 40 anos, não sei se até os 40 estarei no Corinthians, é uma meta minha, quando o Corinthians achar que não sirvo mais, vou seguir e ser grato pelo resto da minha vida”.
O que mudou e pirou de 2012 para cá
“É difícil responder essa pergunta. A gente nunca é a mesma pessoa de um ano para o outro, a gente evolui, acerta, eu sou a primeira pessoa que não quer tomar gol, e trabalho para isso, às vezes acontece, às vezes não. O Cássio de 2017 foi campeão, de 2015 foi campeão, de 2013 foi campeão, em 2014 fui para a Copa do Mundo, se pegar uma história assim, muitas vezes, você ser campeão conta muito na sua performance. É difícil falar porque você nunca é o mesmo, você sempre evolui, aprende ou cresce, mas nunca o Cássio deixou de treinar, muito pelo contrário, futebol tem evoluído, mas às vezes não acontece como a gente quer. Tanta gente que estudou, se dedicou, mas não conseguiu chegar no emprego que queria. Acontece, tem de continuar trabalhando, se esforçando. É da vida. Não é por falta de dedicação, de empenho, se olhar meus números não são ruins como falam. Sim, gols que eu tomei, que eu sou a primeira pessoa (a reconhecer). Eu não consigo sair de casa, sou o cara que mais se cobra. Minha esposa já sabe, às vezes chego em casa e minha esposa nem conversa comigo, porque ela sabe, me dedico ao máximo, lembro eu com 13 anos trabalhando numa lavagem de carro, eu sem luva me jogando no chão duro, querendo dar uma vida melhor à minha família, às vezes não acontece não por eu estar desleixado. Não é por falta de dedicação, não é. Isso falo com toda propriedade. Isso faz parte do meu trabalho”.