Nesta terça-feira, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu, por meio de um julgamento virtual, absolver Carol Solberg por ter gritado “Fora, Bolsonaro” durante a cerimônia de premiação da etapa de Saquarema do Circuito Nacional de Vôlei de Praia. A atleta recebeu uma multa de R$ 1 mil, convertida em advertência.

Com o resultado, a jogadora escapou de uma punição mais branda, que poderia lhe suspender por um a seis jogos, além de suspensão de 15 a 180 dias. A maioria dos auditores entendeu que ela violou apenas o artigo 191 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, ou seja, “deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, da competição”, e não o 258, de “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código à atitude antidesportiva”.

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Gostaria de poder responder a cada um de vocês, mas é impossível dar conta de tantas mensagens. Só quero agradecer demais e dizer que me senti abraçada por todo esse amor. O meu grito é pelo Pantanal que arde em chamas em sua maior queimada já registrada e continua a arder sem nenhum plano emergencial do governo. Pela Amazônia que registra recordes de focos de incêndios. Pela política covarde contra os povos indígenas. Por acreditar que tantas mortes poderiam ter sido evitadas durante a atual pandemia se não houvesse descaso de autoridades e falta de respeito à ciência. Por ver um governo com desprezo total pela educação e cultura. Por ver cada dia mais os negros sendo assassinados e sem as mesmas oportunidades. Por termos um presidente que tem coragem de dizer que “o racismo é algo raro no Brasil”. São muito absurdos e mentiras que nos acostumamos a ouvir, dia após dia. Não posso entrar em quadra como se isso tudo me fosse alheio. Falei porque acredito na voz de cada um de nós. Vivemos em uma democracia e temos o direito de nos manifestar e de gritar nossa indignação com esse governo. Não sou de nenhum partido, não sou ativista, sou uma atleta. É o que gosto de ser. Eu amo meu esporte, represento meu país em campeonatos mundiais desde meus 16 anos e espero que o ambiente esportivo seja sempre um lugar democrático, onde os atletas tenham liberdade de expressão e que saibam da importância da sua voz. Saber que todas as pessoas que eu admiro e que são importantes pra mim estão do meu lado, me faz ter certeza de que estou do lado certo da história. Tamo junto!

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“Eu estava em Saquarema jogando minha primeira etapa depois de tanto tempo sem jogar por causa da pandemia. Tinha acabado de ganhar o terceiro lugar, estava muito feliz de estar retornando ao pódio, de ter ganhado o bronze e, na hora de dar minha entrevista, apesar de toda alegria ali, não consegui não pensar em tudo o que está acontecendo no Brasil, todas as queimadas, a Amazônia, o Pantanal, as mortes por covid-19 e tudo mais, e meio veio um grito totalmente espontâneo de tristeza e indignação por tudo o que está acontecendo”, afirmou Carol em seu depoimento.

Dessa forma, a atleta poderá participar normalmente da próxima etapa do Circuito Nacional do Vôlei de Praia, previsto para começar nesta sexta-feira, na bolha montada pela CBV em Saquarema.