Com votação virtual, o próximo presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) será escolhido nesta terça-feira. Antecedido por polêmica e decisões judiciais, o pleito opõe Warlindo Carneiro Filho, que tenta seguir no cargo, e Wlamir Motta Campos, atual vice-presidente.
Warlindo era vice de José Antonio Martins Fernandes e ascendeu em março de 2018, quando o então presidente decidiu renunciar. A vice-presidência, então, ficou vaga até a eleição de Wlamir Motta Campos, realizada em março de 2019. Desde então, Warlindo e Wlamir nunca tiveram grande proximidade e, nesta sexta, serão adversários no pleito.
As eleições terão dois concorrentes apenas por decisão judicial. A Comissão Eleitoral da CBAt decidiu inabilitar a chapa “Foco no Atleta”, liderada por Wlamir, pelo fato de Dilson Rodrigues Belfort, um dos integrantes, ser funcionário público – ele é professor universitário da Universidade Federal do Amapá.
A chapa encabeçada por Wlamir, então, entrou na Justiça e teve liminar favorável. Em sua decisão, o juiz Rodrigo Sette Carvalho, da 4ª vara cível de Bragança Paulista, cidade que abriga a sede da CBAt, citou que o estatuto da entidade não impede a participação de funcionário público no caso em questão.
“O fato de um dos membros da chapa, o requerente Dilson, ser professor universitário da Universidade Federal do Amapá e, portanto, servidor público, por si só, não o torna inelegível, tampouco toda a chapa”, diz a decisão. Sette Carvalho, por outro lado, rejeitou o pedido de afastamento do atual presidente da CBAt.
O juiz, portanto, considerou a chapa “Foco no Atleta” habilitada a participar das eleições e determinou que não serão tolerados “subterfúgios” para evitar o cumprimento da decisão, como o adiamento das eleições, por exemplo. “Neste aspecto inclui a inabilitação da chapa por fundamentos outros, o que está proibido judicialmente”, diz a decisão.
À Gazeta Esportiva, Warlindo Carneiro Filho, líder da chapa “Atletismo com Diálogo, Respeito, Ética e Transparência”, disse aceitar a decisão da Justiça. “Democracia é isso. Se fosse o contrário, eu também teria entrado com a solicitação para participar. Então, a chapa de oposição fez o seu dever, como nós também faríamos”, declarou.
Já Wlamir Motta Campos sentiu que sua candidatura acabou fortalecida pelo imbróglio. “Ao propor a impugnação de forma totalmente descabida, a chapa de situação e o atual presidente conseguiram unir o atletismo de norte a sul, mas contra eles. Houve um sentimento de revolta e nossa chapa cresceu”, afirmou.
Na chapa liderada por Wlamir, Edson Luciano Ribeiro, medalhista nos Jogos de Atlanta 1996 e Sydney 2000, é o vice-presidente. Já na candidatura encabeçada por Warlindo, o cargo é ocupado por Sandro Viana, premiado tardiamente pelo resultado nas Olimpíadas de Pequim 2008.
Adversários no pleito, Warlindo e Wlamir concordam ao classificar o estatuto da CBAt como um dos mais democráticos entre as Confederações olímpicas. Na eleição desta terça, além dos presidentes das federações estaduais, também têm direito a voto medalhistas olímpicos, representantes de atletas, clubes, treinadores e árbitros.