O quinto dia de atletismo nos Jogos Olímpicos de Tóquio não foi bom para o Brasil em termos de resultados, mas importante com relação a experiência. É o que garantem, pelo menos, muitos dos atletas brasileiros que não conseguiram a classificação em suas provas, mas tentam tirar proveito da competição.
Thiago André, que ficou fez 3min47s71 nos 1500m rasos masculino, destacou a dificuldade da prova, em que dois competidores acabaram caindo. O brasileiro ainda disse que entrou na pista para relaxar e aprender.
“A prova é muito dura, tem muito contato físico, ainda mais valendo classificação. Ocorreram muitos toques, tive um pisão no pé que está doendo bastante, mas não foi motivo para sair da prova. Mas na última queda, do atleta do Catar, eu tive que sair da pista e tinha uma câmera, eu tive que parar para depois voltar, não sei se foi uma prova ou um ringue de boxe. Como não fui bem nos 800m, entrei hoje para relaxar, dar meu melhor e ganhar experiência para o próximo ciclo. Acredito que foi uma boa experiência e só tenho que aprender. Agora é treinar e aproveitar ao máximo as oportunidades que o COB e a confederação de atletismo nos dão para viajar e correr contra os melhores do mundo. Vou treinar e dar meu melhor daqui pra frente”, afirmou.
Mateus Sá e Alexsandro Melo, que participaram das classificatórias masculinas do salto triplo, adotaram discursos semelhantes. Enquanto o primeiro conseguiu marca de 16.49m e ficou em 20º lugar, o segundo sentiu uma contusão logo no primeiro santo, em que conseguiu 15.65m, e precisou se retirar da prova, ficando em 26º lugar.
“Estou feliz, orgulhoso, comecei a prova bem, no primeiro salto fiz 16,49m. Acho que faltou um pouco de tranquilidade quando vi que estava ali na briga. Tinha que saltar para melhorar minha marca. Agora a gente encerra o ciclo Tóquio, começa o ciclo Paris e tenho certeza de que chegarei maduro, mais preparado. Tenho que agradecer aos meus treinadores, ao meu clube, principalmente num ciclo tão complicado. Eu vi que tenho condições de brigar de igual para igual e esse é um ponto em que vou focar bastante”, disse Mateus.
“Hoje foi complicado ,senti o joelho, mas estou feliz, é a realização de um sonho. Assisti aos Jogos de 2008 e quis fazer atletismo inspirado na Maurren. Mas eu não sabia que prova ia fazer. Passei do salto em distância para o triplo e fiquei muito feliz. Se lutei cinco anos para chegar aqui porque não me classifiquei para o Rio 2016, vou brigar mais três para ir ainda mais forte para Paris”, complementou Alexsandro.
Já Tiffani Marinho quase avançou as semifinais dos 400m rasos feminino. Com 52s11, a brasileira teve o oitavo melhor tempo no geral. A atleta valorizou a marca e projetou resultados ainda melhores no futuro.
“A gente é atleta, sempre se cobra mais, sempre quer mais do que o cronômetro mostra. A gente não tem como mudar o passado, tem que pensar daqui pra frente. Fiquei esperando até a última série para esperar pra ver se eu entraria, mas infelizmente não entrei. E é experiência, tenho 22 anos, minha primeira Olimpíada ainda e agora é descansar e treinar que o ciclo não acabou. Eu acho que faltou no final, talvez ter segurado um pouco mais para virar melhor, vou sentar com meu treinador e ver onde pode melhorar. A gente está num caminho de construção e lá no final vai dar tudo certo lá no final”, destacou.
“Eu acho que todos os momentos aqui têm um peso e uma responsabilidade gigante por serem Jogos Olímpicos e para mim e para a nação brasileira é uma coisa muito importante. Como minha mãe diz, você já é uma vencedora por estar aí. Só tenho que agradecer, o que tinha para fazer já fiz, pode não ter sido meu melhor, mas vou buscar meu melhor todas as vezes que entrar na pista”, completou.
Alguns brasileiros também lamentaram o desempenho, mas também frisaram a importância de participar dos Jogos Olímpicos. Almir do Santos ficou na 23ª colocação do salto triplo, com 16.27m, e afirmou estar frustrado pela marca, mas ressaltou que ainda tem tempo para evoluir.
“É difícil pelo tempo de trabalho, por quanto se espera esse momento, pelo que abdiquei. A gente abre mão da vida por este momento. E eu saio bem frustrado por não ter desempenhado o que eu esperava, por não ter conseguido brigar por uma medalha, pelo trabalho da minha equipe, pelo empenho, pelo sonho de todo mundo, isso é o que mais dói. O seu sonho vira o sonho de todo mundo que trabalhou, que se empenhou, que está em casa torcendo. Tive uma temporada bem inconstante. Não posso chegar aqui e colocar a culpa na pandemia. Não tenho desculpa para dar. No início eu optei por algumas coisas que podem ter colaborado para isso. É difícil vir aqui e desempenhar um resultado se eu estou inconstante. Não é só o momento, o nervosismo, isso também, mas infelizmente tive uma temporada inconstante e cheguei sem saber o que aconteceria”, relatou.
“O que me alivia um pouco é saber que essa é minha terceira temporada de salto triplo. Tudo é muito novo, ainda estou aprendendo e tenho certeza de que ainda estou aqui e vou brigar por uma medalha, eu devo isso para todo mundo que acredita, que trabalha comigo, eu devo isso para mim por tanto que trabalhei para chegar aqui. Agora é zerar. Eu quero trabalhar, quero temporadas constantes, quero grandes resultados, estar mais tranquilo, com mais bagagem, sabendo o que vou fazer ou não”, concluiu.
Por fim, Jorge Vides e Aldemir Junior, que não conseguiram se classificar nos 200m rasos, destacaram que almejavam ir até a final, mas mostraram-se focados para os próximos desafios.
“O resultado não foi o esperado. Venho treinando bastante forte. Não saí da maneira como deveria ter saído, e meu forte é o final de prova. Por não ter acelerado bem não consegui sair da curva para reta mais forte. Mas agora é pensar no revezamento porque a gente tem chance de medalha. Fico feliz de participar de mais uma Olimpíada, mas triste por causa do meu resultado. Eu venho treinando forte para melhorar, mas não saiu o resultado que eu queria. É bola para frente porque no ano que vem tem o Mundial no Oregon, outras competições importantes, mas o foco é o revezamento. Agora é classificar para a final e quando chegar brigar pela medalha pois temos chances reais disso”, pontuou Jorge.
“Infelizmente tive um ano difícil, talvez o mais difícil da minha carreira. Neste ano, na primeira competição que tive eu rompi tendão e tentei fazer o que podia para me recuperar para essa prova. Consegui fazer alguns treinos aqui, mas estava sem ritmo de competição. Meu tempo não foi nada que eu esperava. Fiz um ciclo com excelentes resultados, corri minhas melhores marcas, a gente sai triste. Vou tentar mais essa oportunidade de mais um ciclo, acredito que possa fazer diferente e representar o Brasil como eu treino para fazer. Mas é sentra com as pessoas que me apoiam e seguir melhores caminhos. Preciso mostrar por mim, pela minha família, pelo COB que me ajudou, mostrar que os 200m é uma prova de alto nível”, disse Aldemir.